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Moçambique: Chuvas deixam famílias isoladas em Machaze

Bernardo Jequete (Manica)
11 de fevereiro de 2021

Cerca de cinco mil pessoas do distrito de Machaze, centro de Moçambique, encontram-se sitiadas em consequência das chuvas provocadas pelos ciclones Chalane e Eloise. As famílias precisam de assistência alimentar.

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Foto: Bernardo Jequete/DW

Num curto espaço de tempo, os ciclones Chalane, em dezembro de 2020, e Eloise, no final de janeiro, assolaram Moçambique deixando um rasto de destruição e milhares de famílias afetadas.

Na região de Machaze, a sul da província de Manica, meses a fio de chuva incessante fizeram com que muitos rios transbordassem interrompendo também a circulação rodoviária.

Sem produtos de primeira necessidade a chegar, os preços aumentaram. Elias Mazinhane, um dos habitantes sitiados na localidade de Mazvissanga, conta o drama que está a viver atualmente.

"Aqui passamos muito mal, nenhum carro está a passar. Nem produtos... acabaram nas bancas, até agora não têm nada. Nem açúcar, bolachas, arroz, massa esparguete, não tem. Estamos quase numa ilha, é uma ilha. Em Mazvissanga todo lado está cheio de água e nem os carros passam via Zimbabué", relata.

Alimentos mais caros

Moisés Filimone, um dos pequenos comerciantes da localidade de Mazvissanga, admite o aumento dos preços dos produtos. Segundo ele, um saco de 25kg de arroz está a custar o equivalente a 16 euros. O preço da farinha de milho também aumentou, por causa da escassez.

"O produto que não tem é arroz e farinha de milho. A farinha de milho, 1 kg estava a 45 meticais e agora passou para 60 meticais por causa do caminho que não se anda para ir comprar outro produto. O arroz estava por 1.250 e aumentou para 1.500 meticais", explica Filimone.

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Estradas ficaram destruidas e esburacadas na regiãoFoto: Bernardo Jequete/DW

Ajuda alimentar transportada por via área

O Governo provincial de Manica abriu uma ponte aérea para abastecer a região com produtos de primeira necessidade. O delegado provincial do Instituto Nacional de Gestão e Redução de Risco e Desastres (INGD), Augusto Alexandre, diz que se está a fazer uma "intervenção de choque".

"Estão posicionados, a nível do distrito de Machaze, cerca de 10 mil toneladas de bens alimentares. Julgamos que o tempo vai permitir também continuar com a atividade de assistência e essa assistência vai merecer a intervenção também do Programa Mundial de Alimentação. O Governo está a fazer uma parte e os parceiros do Governo também vão fazer outra parte para complementar".

Também o secretário do Estado na província de Manica, Edson Macuácua, assegurou que as populações afetadas pelos ciclones Chalane e Eloise terão assistência alimentar.

"Há algumas comunidades que precisam de um apoio urgente. Encontram-se neste momento isoladas nos distritos de Machaze, Mossurize e Sussundenga, e precisam de uma intervenção de assistência em termos de necessidade alimentares. Aí vamos providenciar usando as embarcações disponíveis e onde for necessário usando também meio aéreo".

Elias Mazinhane, residente em Mazvissanga, diz que os alimentos que chegam são poucos, mas dão para suprir algumas necessidades.

"Esse pouco que estamos a receber é muito mais do que não ter nada. Às vezes era só lavar legumes, cozinhar e comer, depois dormir. Era difícil para as crianças e mulheres grávidas comerem isso. Agora recebemos arroz e feijão manteiga. As machambas estão cheias de água e não dá para ir cultivar, ficamos só em casa sentados."

Segundo Edson Macuácua, a prioridade na assistência feita por via aérea será para cinco povoações consideradas mais críticas em termos de acesso rodoviário.

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