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Moçambique: Constitucional garante “verdade eleitoral”

Lusa
11 de dezembro de 2024

Conselho Constitucional esclarece que não recebeu nenhum processo de contencioso das candidaturas do Presidente da República. Partido PODEMOS continua a ter dúvidas sobre a transparência do processo eleitoral.

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Lúcia Ribeiro
“Quero dizer que, por parte dos mandatários dos candidatos à Presidência da República, nós não recebemos, na fase do contencioso, qualquer recurso nesta eleição", garantiu Lúcia Ribeiro, presidente de Conselho Constitucional (CC)Foto: Roberto Paquete/DW

A presidente de Conselho Constitucional (CC), Lúcia Ribeiro, disse hoje (11.12) que o organismo não recebeu nenhum recurso contencioso nas candidaturas à Presidência da República, mas, no entanto, promete verificar o processo "minuciosamente" para assegurar a "verdade eleitoral".   

"É útil esclarecer que o Conselho Constitucional não recebeu nenhum processo de contencioso das candidaturas do Presidente da República. Quero eu dizer que, por parte dos mandatários dos candidatos à Presidência da República, nós não recebemos, na fase do contencioso, qualquer recurso nesta eleição", declarou durante um encontro com membros do Partido Otimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), que apoia a candidatura de Venâncio Mondlane.

Em causa estão os resultados das eleições de 09 de outubro anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que deram vitória, com 70,67% dos votos, a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), no poder. Tal resultado está a ser contestados por Venâncio Mondlane, que tem convocado uma série de manifestações e paralisações.

Os protestos levaram o caos às ruas em diversos pontos do país, com pelo menos 110 pessoas mortas e mais de 300 feridas em resultado dos confrontos entre a polícia e os manifestantes desde 21 de outubro. Os números foram tornados públicos de acordo com um balanço atualizado divulgado, na terça-feira (10.12), pela Organização Não-Governamental (ONG) Plataforma Eleitoral Decide.

Na reunião de hoje com membros do partido PODEMOS, o CC, última instância de recurso em contenciosos eleitorais, esclareceu que, embora não tenha registado qualquer recurso, o organismo está a "verificar" também a eleição presidencial.

Moçambique, Maputo | Conselho Constitucional reunido
Para o Conselho Constitucional "este é um processo minucioso"Foto: Romeu da Silva/DW

"Não é porque não tivemos nenhum processo nas candidaturas a Presidente que não estamos a ver. Nós estamos a ver”, precisou aquela responsável. "Isto consiste precisamente na comparação da ata e edital da Comissão Nacional de Eleições com a ata e edital dos partidos políticos. Este é um processo minucioso", frisou Lúcia Ribeiro, para quem este não é um "trabalho fácil".

"Verdade eleitoral” incerta

Para Albino Forquilha, presidente do partido PODEMOS, a explicação do CC deixa dúvidas sobre a transparência do processo, esclarecendo que o partido que dirige submeteu diversos documentos que revelam falta de transparência nas eleições gerais, incluindo as presidenciais. "Até aqui não tenho segurança que vai haver uma verdade eleitoral. O processo que submetemos incorpora a eleição presidencial", afirmou Albino Forquilha, em declarações à comunicação social no final da reunião.

Albino Forquilha, presidente do partido PODEMOS, Moçambique
"Até aqui não tenho segurança que vai haver uma verdade eleitoral”, duvida Albino Forquilha, presidente do partido PODEMOSFoto: Amós Fernando/DW

O anúncio da CNE, em 24 de outubro, dos resultados das eleições, em que é atribuída a vitória a Daniel Chapo nas presidenciais e, nas legislativas, ao partido FRELIMO, que reforçou a sua maioria absoluta, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane e que têm degenerado em confrontos violentos com a polícia.

Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional, o que poderá acontecer até ao final do ano.

RADAR DW: Crise pós-eleitoral em Moçambique