Moçambique: Empresários pedem leis mais duras para raptores
21 de fevereiro de 2022Não há nenhum apelo que pare os raptos em Moçambique. Só nos últimos dois meses, dois empresários foram raptados.
Zuneid Calumias, vice-presidente da Confederação das Associações Económicas (CTA), diz que está agastado com o fenómeno e pede um endurecimento da legislação.
Para Calumias, o Código Penal deveria vedar o direito a caução para raptores. "De outra forma, os criminosos continuarão a sentir algum conforto no binómio custo-benefício. É preciso passar a informação de que o Estado e a sociedade não toleram o crime."
Clima de investimento
Esta segunda-feira (21.02), os empresários chamaram a imprensa para avisar que os raptos estão a prejudicar a economia moçambicana.
"A situação não pode continuar", afirma Zuneid Calumias, pois deteriora o ambiente de investimento, "induz à saída de capitais dos investidores que não se sentem seguros no país e isso reflete-se na perda de postos de trabalho e na capacidade de geração da renda."
A Confederação das Associações Económicas criou um pelouro de segurança e proteção privada por causa da onda de raptos e da insurgência no norte de Moçambique.
Além disso, a CTA "tem vindo a interagir com o Ministério do Interior e Ministério da Defesa nacional, quer a nível da liderança quer a nível técnico", para tentar resolver este problema.
A cooperação tem sido "impecável", comenta Calumias.
Nyusi critica agentes da polícia
O último rapto a um empresário ocorreu na baixa de Maputo, a menos de 50 metros de uma esquadra policial, o que indignou o Presidente da República, Filipe Nyusi.
"Como é que alguém sequestra ao lado de uma esquadra e há pessoas pedir socorro e não há nada? A nossa resposta deve transmitir uma mensagem clara aos agentes do crime para merecermos o respeito."
Reconhecendo o envolvimento de agentes da polícia na onda de raptos, Nyusi desafiou, na última sexta-feira (18.02), a corporação a adotar novos critérios de seleção de candidatos a polícias.
"Se não escolhem bem, aquele que vai emitir um bilhete, vai fazê-lo para uma pessoa que não é moçambicana ou para um criminoso, em nome diferente; se não escolhem bem, aí na migração, vai ser o elemento que é a porta de entrada de criminosos, incluindo terroristas. Se não escolhem bem, ninguém vai investigar o corrupto se ele próprio é corrupto", admoestou o chefe de Estado.