Moçambique: Fiscal eleitoral denuncia agressão pela polícia
24 de abril de 2023Augusto Macorreia conta que foi "arrastado no chão" para fora do posto de recenseamento e "espancado" por dois agentes da polícia moçambicana quando tentava impedir a inscrição de várias pessoas que não pertencem às áreas que vão ter eleições autárquicas e que, ainda assim, pretendiam recensear-se em Chimoio, no centro do país.
A vítima diz que sofreu escoriações na perna e na zona da cintura.
"Estão a recensear pessoas de Marera e Macate, de fora deste raio autárquico de Chimoio", denunciou Augusto Macorreia, fiscal num posto de recenseamento no bairro 7 de Abril, realçando que, ao exigir a fiabilidade do processo eleitoral, foi surpreendido pelo uso de força excessiva dos agentes, que garantem segurança ao processo.
Ainda segundo a vítima, os agentes da Polícia orientam as filas para o recenseamento e "obrigam os fiscais a não exigirem nada” de documentação prevista no processo, violando a lei eleitoral, que "estabelece que os agentes devem ficar a 300 metros de distância" do posto.
Contactado pela Lusa, Mateus Mindu, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica, disse que o caso não foi reportado às autoridades.
O recenseamento para as sextas eleições autárquicas de 11 de outubro começou na quinta-feira (20.04) em todo o país, com a meta de registar quase 10 milhões de eleitores em 65 distritos com autarquias, segundo dados do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral.
Na quinta-feira, António Mulima, delegado político provincial da RENAMO em Manica, denunciou a transferência arbitrária de 13 funcionários públicos e membros do partido.
O responsável disse que as "transferências penalizadoras” para áreas remotas afetaram, sobretudo, professores dos distritos de Machaze, Sussundenga, Mossurize, Gondola e Vanduzi, zonas com forte influência política da oposição.