Moçambique: Grupo armado ataca e mata no centro do país
28 de setembro de 2020Um novo ataque armado contra várias viaturas no centro de Moçambique matou no domingo (27.09) duas pessoas e feriu com gravidade outras quatro, incluindo duas crianças.
O incidente aconteceu junto à estrada regional 260, que liga os distritos a sul da região à capital, Chimoio, contaram os sobreviventes.
O grupo armado entrou na estrada em que circulavam os veículos e mandou-os parar. Entre os automóveis estava um ligeiro de passageiros e uma carrinha de caixa aberta usada também para transporte de pessoas. O grupo abriu fogo quando os condutores desobedeceram ao sinal de paragem.
"A intenção era mandar parar o carro, mas eu tentei de tudo para sair do local", disse à Lusa Charles Mussimua, um dos feridos, motorista do ligeiro de passageiros que liderava a coluna, adiantando que várias outras pessoas também tiveram ferimentos.
Saúde das vítimas
Adelino Fernandes, cirurgião do Hospital Provincial de Chimoio, disse que das quatro vítimas com ferimentos de balas que deram entrada naquela unidade de saúde, duas crianças continuavam com um quadro clínico grave.
"Devido à gravidade dos ferimentos, uma menor foi transferida hoje (28.09) para o Hospital Central da Beira, e outra continua sob cuidados intensivos no Hospital Provincial de Chimoio", disse o médico, adiantando que um dos dois pacientes adultos teve alta.
Junta Militar?
A Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica, que confirmou o incidente, suspeita que o ataque tenha sido protagonizado novamente por guerrilheiros da autoproclamada Junta Militar da RENAMO, grupo dissidente do maior partido da oposição.
O novo ataque ocorreu a sudoeste de Mutunduri, uma zona junto à Estrada Nacional 1 (EN1), principal estrada de Moçambique, com um histórico de ataques armados, e não distante do local onde foi decapitado um cidadão de nacionalidade vietnamita em abril.
Os ataques surgem na sequência de outros em estradas e povoações das províncias de Manica e Sofala, por onde deambulam guerrilheiros dissidentes da RENAMO, liderados por Mariano Nhongo, da autoproclamada Junta Militar.