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Moçambique: Mais um ataque armado faz vítimas no centro

Lusa | si
17 de março de 2020

Intensificam-se os ataques no centro de Moçambique, atribuídos a autoproclamada Junta Militar. Um ataque esta terça-feira (17.03) em Sofala causou a morte de uma pessoa e ferimento noutra.

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Foto simbólicaFoto: DW/Bernardo Jequete

Os ataques armados no centro de Moçambique aconteceram no distrito de Nhamatanda, província central de Sofala. As vítimas circulavam em viaturas junto à localidade de Nharichonga quando foram alvejadas.

Na segunda-feira (16.03), um outro ataque armado contra um camião de carga feriu com gravidade uma adolescente na mesma zona, no limite entre os distritos de Nhamatanda e Gorongosa, junto à principal via rodoviária do país, a estrada nacional 1 (N1).

Em menos de uma semana já se registaram quatro ataques armados, provocando um total de nove feridos e um morto. Desde agosto, os ataques nesta região já fizeram 21 mortos. A província de Sofala tem sido palco de incursões atribuídas pelas autoridades moçambicanas aos guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o maior partido da oposição. 

Na zona centro continuam entrincheirados guerrilheiros dissidentes da RENAMO, liderados por Mariano Nhongo, que se rebelou contra o próprio partido alegando discordar das negociações de desarmamento dos guerrilheiros. 

Nhongo assumiu autoria de três ataques este mês de março. Os ataques armados foram registados na quinta e sexta-feira da semana passada ao longo da Estada Nacional Nº1, na região fronteiriça de Pungué, entre distritos de Gorongosa e Nhamatanda. Uma semana antes houve mais um outro ataque contra o posto policial da localidade de Grudja, distrito de Buzi, na mesma provincial do centro de Moçambique.

Nhongo quer anuladas as eleições de 2019

Mosambik RENAMO-Militärjunta in Gorongosa | Mariano Nhongo
Mariano Nhongo, líder da Junta Militar da RENAMOFoto: DW/A. Sebastião

Nos finais de fevereiro, Nhongo negou a mediação do Conselho Cristão de Moçambique, organização não governamental que junta congregações cristãs, alegadamente porque já havia enviado a carta de reivindicações da Junta Militar da RENAMO ao Presidente Filipe Nyusi, que disse que não havia inteção por parte do Governo moçambicano de atender as suas exigências. 

O líder da autoproclamada Junta Militar defende a anulação dos resultados das eleições de 2019, ameaçando, caso não haja resposta às suas exigencias, uma reação armada.

Enquanto Nhongo endurece a sua posição, a RENAMO distancia-se dos atos contra o Estado até ao momento. O segundo maior partido da oposição considera que esta é uma "questão do Estado” e assume que Nhongo quer discredibilizar a RENAMO. O partido tem reafirmado o seu compromisso com a paz, classificando Nhongo como um desertor.

A instabilidade no centro do país dura mais de oito meses e já causou dezenas de mortes e deslocamento da população. O conflito entre o Governo, liderado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e a RENAMO nunca foi totalmente resolvido, depois do Acordo de Paz de 1992, que formalizou o fim da Guerra civil entre 1986 e 1990. Vários acordos se seguiram, assinados desde a gestão do antigo líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, falecido em maio de 2017, até ao atual líder, Ossufo Momade.

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