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Paulo Vahanle: "A polícia foi quem andou a matar"

15 de novembro de 2023

Em entrevista à DW, autarca de Nampula e candidato da RENAMO, Paulo Vahanle, nega acusação da polícia moçambicana, que o acusa de instigar violência e pede que seja levado "à barra do tribunal".

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Paulo Vahanle, autarca de Nampula e candidato da RENAMO
Foto: Sitoi Lutxeque/DW

A polícia moçambicana acusou esta semana o autarca de Nampula pela RENAMO, Paulo Vahanle, de "instigar" a prática de crime durante um comício popular no norte de Moçambique, onde solicitou aos jovens que se preparassem com "instrumentos rudimentais" para se defender contra uma suposta atuação da polícia nas manifestações.

Nas redes sociais, circula um vídeo em que o também candidato à autarquia, segurando uma azagaia (lança curta), diz que confia nos jovens e pede que "se organizem" enquanto aguardam os resultados das sextas eleições autárquicas, a serem proclamados pelo Conselho Constitucional, órgão máximo de justiça moçambicano.

A PRM pede ao Ministério Público que Paulo Vahanle seja levado "à barra do tribunal". No entanto, em entrevista à DW África, o autarca nega que tenha instigado à violência. "Eu não disse para irmos matar a polícia. Eu não disse para fazermos guerra contra a polícia”, afirma Vahanle, segundo o qual a intenção "era pedir a polícia para mudar os seu comportamento”.

DW África: Porque pediu aos jovens para que se preparassem com lanças curtas?

Paulo Vahanle (PV): O partido, não concordando com o procedimento, o passo a seguir foi decidir pelas manifestações em protesto contra estes resultados que não condiziam com a verdade eleitoral e a vontade dos nossos munícipes. A polícia, em vez de garantir a ordem e proteger os cidadãos, passou a disparar e a matar. Por exemplo, na nossa cidade foram mortas, num único dia, 12 pessoas e oito ficaram feridas.

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DW África: Por isso pediu que os jovens "estejam preparados" com instrumentos rudimentares?

PV: Realmente, pedimos à FRELIMO e ao Governo que parem de matar os cidadãos. Dissemos, e simultaneamente solicitamos, que respeitem a vida, pois este é um direito que está consagrado na Constituição da República. E continuaremos assim. Na nossa bandeira, temos as zagaias (lanças curtas) e as setas como símbolos da nossa autodefesa. Vamos nos proteger porque estamos cansados e não suportamos mais as mortes. Temos testemunhado vidas serem ceifadas.

DW África: Mas a polícia diz que, ao mencionar o uso de instrumentos rudimentares para autodefesa no seu discurso, estaria a instigar a desordem pública. Por esse motivo, solicita que seja processado. Como reage a essa posição da polícia?

PV: Ao citar a violência, poder-se-ia pensar que a polícia está a incitar a violência. Foi a polícia quem andou a matar, a lançar gás lacrimogéneo e também quem prendeu os delegados de lista. Então, é a própria polícia quem está a fugir à sua responsabilidade. Nós, como políticos, temos toda a forma de lançar a nossa mensagem para fazer entender que a polícia está errada.

DW África: Mas, neste caso, está a dizer que não incitou à violência, como a polícia afirma?

PV: Eu não incitei à violência. Apenas chamei a atenção para o facto de que a polícia não pode continuar a incitar à violência contra os populares, os munícipes. Eu não disse para "irmos matar" a polícia ou "fazer guerra" contra a mesma. Eu estou apenas a pedir a ela para, sim, mudar o seu comportamento. Se ela continuar assim, estou a ver o perigo. A população pode um dia, realmente, vir a reagir a essas mortes constantes que se está a semear na nossa cidade. E, tudo isso, porque acha que a RENAMO não deve continuar a dirigir a cidade de Nampula. 

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