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Moçambique: População em protesto contra multinacional Sasol

20 de maio de 2021

A população de Inhambane protestou esta quinta-feira (20.05) contra a multinacional Sasol por falta de oportunidades de emprego para os cidadãos locais. Governo reconhece problema e diz estar a trabalhar numa solução.

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Protest gegen das Unternehmen Sasol in Inhambane, Mosambik
Foto: Luciano da Conceição/DW

O braço de ferro entre a população dos distritos de Inhassoro e Govuro, em Inhambane, e a multinacional sul-africana de exploração de gás Sasol dura desde 2019. Os populares queixam-se da falta de responsabilidade social da empresa, que não lhes oferece oportunidades de trabalho na unidade.

Esta quinta-feira (20.05) os populares saíram à rua para reivindicar o direito a um posto de trabalho na empresa. Fanuel Jornal Baquete, presidente da associação dos naturais e amigos de Inhassoro, entidade que encabeça o movimento de reivindicações, disse à DW África que desde o início do projeto, a Sasol tem vindo a contratar pessoas de outras regiões, excluindo os nativos.

"Só procuram pessoas de Maputo, porque a empresa que fazia contratação girava muito à volta da corrupção", começou por dizer. "Cobravam dinheiro para meter as pessoas e os donos de Inhassoro não tinham acesso [ao trabalho]", denuncia.

Mosambik | Provinz Inhambane | Sasol Erdgasexploration
Instalações da Sasol em Inhambane, MoçambiqueFoto: Roberto Paquete/DW

"Voltaremos a manifestar-nos até que eles cumpram com tudo", acrescentou.

Pagar para trabalhar

Verónica Viagem, residente de Inhassoro, admitiu à DW África que lhe foi pedido dinheiro por uma vaga na Sasol. Mas como não tinha o valor exigido, perdeu a oportunidade de trabalhar naquela firma. "Cobravam cinco mil meticais (cerca de 60 euros) para poder ter uma vaga. Onde é vou encontrar este valor para pagar por uma vaga? Não é justo", considera.

Para Armando Jorge de Sousa, habitante em Inhassoro, a empresa não tem interesse em contribuir para a melhoria das condições de vida da população. "Estamos há vinte anos debaixo de uma exploração. A Sasol está a pilhar os nossos recursos", defende.

"Os hospitais estão degradados, não estão equipados e não têm serviço de pequena cirurgia. Além disso, a maior parte das infraestruturas sociais estão degradadas", lamenta, imputando falta de responsabilidade social à empresa.

Adelino Chambule, outro dos residentes da região onde a Sasol está a explorar gás natural, afirma que a empresa mente à população.

Protest gegen das Unternehmen Sasol in Inhambane, Mosambik
Dezenas de pessoas em protesto contra a multinacional SasolFoto: Luciano da Conceição/DW

"A Sasol tem capacidade para resolver este pequeno problema. Nós estamos aqui todos os dias a reclamar, mas [a empresa] negligencia [esta situação]", frisa. "Parece estar a embrulhar-nos", refere.

"Diria que a Sasol pode fechar e vir uma outra multinacional, porque mentiu muito à população de Inhassoro", reclamou ainda.

Governo negoceia solução

As autoridades locais afirmam à DW África que já negociaram com a multinacional a instalação de mecanismos para garantir a contratação de jovens locais.

Salomão Mujoi, diretor provincial dos Recursos Minerais, em representação do Governo provincial de Inhambane, encontrou-se com os manifestantes para acalmar os ânimos, mas reconhece que há questões por resolver.

"De facto, há problemas na contratação para emprego, razão pela qual estamos à procura de solução", adiantou.

"Foi criado [esta quinta-feira] um comité de emprego integrando as partes interessadas, isto é, Governo, comunidade e a Sasol", garantiu ainda.

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