Quadra festiva com escassez de carnes em Lichinga
23 de dezembro de 2017Os moradores da cidade de Lichinga, capital provincial do Niassa, no norte de Moçambique, estão a enfrentar dificuldades para comprar carne bovina e frango neste fim de ano. A situação é mais difícil para as famílias menos abastadas, que temem ter ainda menos para comer nas festas do Natal e Ano Novo.
A escassez da carne bovina, segundo Maurinho Amido, vendedor no mercado central da cidade, deve-se às complicações na sua exportação por parte do vizinho Malawi. A fronteira instalada em Mandimba tem sido palco de demoras e problemas logísticos, legais e burocráticos, conta Maurinho Amido.
Entretanto, ele diz que, apesar dos problemas alfandegários, os vendedores garantem que até o dia 25 a população encontrará carne bovina, "quando já teremos carne no mercado".
Custos de importação repassados ao consumidor
A carne bovina e o frango vendidos e consumidos em Lichinga provêm, sobretudo, do Malawi. Há poucos produtores de carne na província do Niassa e esta produção não atende todo o mercado local. Por isso a maior parte dos comerciantes recorre ao país vizinho.
Mas as condições de transporte são extremamente difíceis, devido ao mau estado das estradas. Mohamed Salimo, vendedor de frango no mercado central de Lichinga, confirma: a escassez do produto poderá custar caro aos clientes, também devido ao aumento dos preços de compra e de transporte.
"Como nós não criamos [frango] aqui em Moçambique, dependemos do Malawi. Lá tem variais empresas e cada empresa tem o seu preço. O custo às vezes vária de 210 a 220 meticais, e nós vendemos a 300 meticais, porque pagamos alfândegas, agricultura e o custo de transporte", explica.
"Escassez já foi ultrapassada"
O diretor provincial de indústria e comércio no Niassa, Fidélio Salamandane, ao contrário do que os comerciantes dizem, afirma que há carne suficiente para atender a população nesta época festiva.
Segundo o diretor, devido às frequentes chuvas na região, o transporte das carnes está a ser feito com mais dificuldade, o que atrasa a reposição dos produtos no mercado – "mas isto já foi ultrapassado", assegura Salamandane.
"Na medida em que os estoques são repostos, os consumidores vão adquirindo, então a orientação que nós demos aos agentes económicos e que não esperem que o estoque termine para fazer a sua reposição", diz o diretor de indústria e comércio, ressaltando que "é preciso fazer um controlo eficaz e a reposição tem que ser feita com regularidade".