DDR: Raul Domingos aberto para trazer Nhongo ao diálogo
6 de outubro de 2021"Eu já disse e hoje reitero que estou disponível para qualquer missão de paz, com todos os riscos que esta missão pode representar para a minha vida", disse esta quarta-feira (06.10) Raul Domingos, o político que liderou a delegação da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) nas negociações de paz que culminaram com a assinatura do histórico Acordo Geral de Paz, em 1992, em Roma.
Para o político, que foi expulso da RENAMO na sequência de desentendimentos com o falecido líder do partido Afonso Dhlakama, Mariano Nhongo precisa de uma figura na qual possa confiar, garantindo a sua saída das matas para juntar-se ao processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), no âmbito dos entendimentos alcançados com o Governo em agosto de 2019.
"Não o conheci pessoalmente e acho que ele era muito jovem na altura. Em 1980 [quando Raul Domingos estava na Renamo], ele devia ter 14 anos de idade e não faço ideia dele. Mas acredito que ele me conhece", frisou Raul Domingos, considerado durante muitos anos o número dois da RENAMO, antes de ser expulso do partido.
Depois da sua expulsão da RENAMO, Raul Domingos fundou o Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD), concorrendo em eleições gerais, mas nunca conseguiu que a sua nova organização elegesse deputados para a Assembleia da República, tendo sido, em abril deste ano, nomeado conselheiro de Estado pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.
DDR
O grupo de Mariano Nhongo, antigo líder de guerrilha da RENAMO, discorda dos termos do processo de DDR decorrente do acordo de paz assinado em agosto de 2019 entre o Presidente moçambicano e o atual líder da Renamo, Ossufo Momade.
Aos antigos guerrilheiros, agora dissidentes do maior partido da oposição, é desde então atribuída a autoria de vários ataques armados contra alvos civis e das Forças de Defesa e Segurança, matando cerca de 30 pessoas.
No âmbito do DDR decorrente do acordo de paz de agosto de 2019, 2.307 ex-combatentes da Renamo já foram para casa, de uma meta de cerca de cinco mil antigos guerrilheiros.