Moçambique: Reflorestamento fica-se pelas iniciativas
13 de outubro de 2017Quando era Presidente, Armando Guebuza criou as iniciativas "um líder, uma floresta" e "um aluno, uma planta" e deixou orientações para o seu cumprimento. O objetivo principal era incentivar as comunidades para a criação de florestas.
Mas sete anos depois, já pouco se fala desses projetos e muitos são os alunos e líderes comunitários em Moçambique que não têm uma única floresta. Um deles é Estevão Rafael Ramiro, cabo do regulado de Monapo, na província de Nampula, no norte.
"Cada líder é obrigado a ter a sua floresta, é uma lembrança e é ordem. Cada líder quando morre deve deixar o seu património, então é obrigado a ter uma floresta. Mesmo eu não tendo uma floresta, tenho que dizer aquilo que sou orientado", explicou.
O atual Governo reconhece o fracasso no cumprimento das orientações presidenciais de expansão das florestas, mas já avança soluções. Xavier Sakambuera é o diretor nacional de Florestas no Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural.
"Da análise que fizemos, concluímos que o processo de reflorestamento continua fraco, precisa de uma nova forma de pensar atualizada. O Ministério provavelmente em outubro [corrente] vai lançar o projeto ‘Floresta em Pé', em que vamos precisar de lançar um milhão de árvores", disse.
Refira-se que o projeto "floresta em pé " será uma nova iniciativa governamental e visa criar e plantar mais árvores para recuperar as florestas extinguidas assim como estabelecer novas áreas florestais.
Falta de conciencialização e corrupção
Organizações da sociedade civil moçambicana consideram que os projetos ambientais têm, em parte, fracassado por falta de consciencialização das comunidades. Uma das vozes críticas é a Associação Nacional de Extensão Rural (AENA).
Jordão Matimula é o diretor-executivo da AENA e afirma que "existem alguns líderes que montam as florestas porque deve-se mostrar alguma coisa para quando alguém [do Governo] chegar. É o efeito de ‘um líder, uma floresta'. Se procurar nesse distrito quantos líderes têm uma floresta, fica a saber que é só aquele, porque é o que vai ser visitado sempre [pelos dirigentes]."
E neste contexto o diretor-executivo da AENA conclui: "Nós devemos ter políticos com discursos consistentes."
O responsável da Associação Nacional de Extensão Rural diz que a corrupção e o envolvimento das elites políticas nas exploração de florestas vai continuar a adiar o reflorestamento no país: "Algumas empresas dizem: nós vamos reflorestar, mas não acontece nada. Outras dizem: nós já demos o dinheiro ao Governo e o Governo vai fazer. Você não vê onde passa esse dinheiro. Então, a corrupção e as grandes elites é que fazem que o cumprimento da legislação não seja efetivo."