Moçambique: Faltam equipamentos para proteger pessoal médico
22 de janeiro de 2021Ao todo foram diagnosticados 350 profissionais com Covid-19, desde o início da pandemia. Há numerosos profissionais infetados que não podem trabalhar no maior hospital de Moçambique, confirmou Mouzinho Saíde, diretor do Hospital Central de Maputo.
"Temos cerca de 100 profissionais que não estão a trabalhar por estarem infetados, e temos mais de 250 recuperados". O responsável adiantou que há o risco de não ser possível atender adequadamente os doentes "se nós continuarmos a ter este nível de infeção".
O bastonário da Ordem dos Médicos de Moçambique, Gilberto Manhiça, diz à DW África que a infeção de mais de 300 profissionais de saúde é preocupante.
"Temos de averiguar por que estas infeções estão a ocorrer, para darmos a resposta apropriada. O desejável e o expectável para aquilo que são as condições que devem ser otimamente criadas é que essas infeções não ocorram", acrescentou Manhiça.
Faltam equipamentos de proteção
A ordem aponta como possível causa para o alto número de infeções entre os profissionais de saúde a falta de material de proteção. Médicos, enfermeiros, técnicos e pessoal auxiliar estão numa situação de alto risco porque, diz a ordem, reutilizam materiais médicos nos cuidados intensivos.
Gilberto Manhiça apela ao fornecimento urgente de mais material de proteção para o pessoal que está na linha da frente no combate à Covid-19. Admitindo que não há maneira de evitar a 100% o contágio de pessoal médico, Manhiça insiste que é necessário "equipamento de proteção à altura para qualquer membro das equipas de trabalho, justamente para prevenirmos que estas infeções possam ocorrer".
O bastonário acrescenta: "Preocupa-nos bastante que os números tenham chegado a esta extensão."
Apelo aos moçambicanos para cumprirem as regras
Helena Chaquisse, enfermeira-chefe no Hospital Central de Maputo, reconhece que a situação está a ficar descontrolada.
"A direção está a fazer esforços para dar equipamento para a proteção individual, aumentar o número do pessoal para lutarmos contra esta pandemia. Tem sido um desafio cada dia que passa e estamos aqui para trabalhar", disse.
Para continuar a garantir um bom atendimento aos doentes, todos os cuidados são poucos, afirma o médico Jorge Mambo, que apela aos moçambicanos para que cumpram à risca as medidas de prevenção.
"Porque a Covid é uma doença que mata e que preocupa tanto os dirigentes como o Ministério da Saúde. Vamos todos colaborar de modo a que a gente vença a doença", disse Mambo.
Moçambique contabiliza atualmente mais de 10 mil casos ativos de Covid-19, a maioria na cidade de Maputo. O número total de casos desde o início da pandemia ultrapassa os 30.000, com 283 óbitos. Embora os números continuem relativamente baixos, um segundo surto desde o início do ano fez disparar os casos em flecha.