Moçambique concorre a membro do Conselho de Segurança
10 de outubro de 2020A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicana, Verónica Macamo, pediu na sexta-feira (09.10) apoio aos países de África e Médio Oriente com representação diplomática no país para a candidatura de Moçambique a membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU.
"A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) endossou a nossa candidatura: Moçambique vai se candidatar a membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas para o mandato 2023/2024, cujas eleições vão decorrer em 2022", explicou.
"Assim como os vossos países sempre poderão contar com o nosso apoio, estamos confiantes de que mereceremos o vosso apoio e confiança sem reservas", acrescentou.
O pedido da chefe da diplomacia moçambicana foi expresso numa reunião com representantes das missões diplomáticas de África e médio Oriente acreditadas em Moçambique destinado a passar em revista o programa do Governo.
O Conselho de Segurança da ONU é composto por 15 membros, cinco permanentes e 10 não-permanentes eleitos por mandatos de dois anos e em que cinco são substituídos a cada ano. Na eleição há um número fixo de assentos para os diferentes grupos regionais em que a Assembleia Geral da ONU se divide.
Situação em Cabo Delgado
Na reunião, em Maputo, a governante aproveitou o encontro para reforçar o pedido de cooperação para acabar com os ataques armados em Cabo Delgado, província do norte do país.
"Estamos a falar de terrorismo, um fenómeno que, embora localizado no nosso país, tem origens e inspiração externa e por isso, a sua eliminação requer esforços coletivos", referiu.
Assim, apelou à provisão de ajuda humanitário para as populações deslocadas, cooperação bilateral no seio de organizações internacionais nas áreas de defesa e segurança e apoio à instalação de um centro de operações humanitárias e de emergência da SADC em Nacala, província de Nampula.
A província costeira mais a norte de Moçambique, que faz fronteira com a Tanzânia, enfrenta uma crise humanitária com mais de mil mortos e 250.000 a 300.000 deslocados internos após três anos de conflito armado entre as forças moçambicanas e rebeldes, cujos ataques já foram reivindicados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, mas cuja origem continua por esclarecer.
A região deverá acolher nos próximos anos investimentos da ordem dos 50 mil milhões de dólares em gás natural, liderados pelas petrolíferas norte-americana Exxon Mobil e francesa Total (que já tem obras no terreno).