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MPLA apresenta-se como favorito e credível às eleições gerais de Angola

17 de julho de 2012

O partido no poder apresentou, esta terça-feira (17.07), em Belas, sul de Luanda, o programa de governo para 2012-2017 e o manifesto eleitoral para o pleito de 31 de agosto. Promete "crescer mais e distribuir melhor”.

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José Eduardo dos Santos, Presidente de Angola
José Eduardo dos Santos, Presidente de AngolaFoto: dapd

O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) obteve uma maioria confortável de 82% nas eleições de 2008, tendo conquistado 191 dos 220 lugares da Assembleia Nacional. O partido vai assentar a campanha eleitoral e as promessas de governação, para o quinquénio 2012-2015, no binómio "crescer mais e distribuir melhor". Foi este o conceito que o líder do partido e Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, pré-anunciou a 13 de junho, quando foi anunciada formalmente a lista de candidatos do partido ao escrutínio de agosto próximo.

Recorde-se que o MPLA está no poder desde a independência de Angola, em 1975. José Eduardo dos Santos, por sua vez, ocupa o cargo de chefe de Estado há quase 33 anos.

Por isso, para as eleições gerais de 31 de agosto, o MPLA pensa que é o favorito entre os nove partidos e coligações que participam no sufrágio. E se o MPLA for novamente o partido mais votado, José Eduardo dos Santos continuará instalado, pelo menos por mais cinco anos, na cadeira presidencial.

Propaganda e "confiança" são alavanca do MPLA
Segundo observadores, o partido no poder dispõe de meios financeiros “ilimitados” para a campanha eleitoral que se avizinha. Em teoria, os fundos deveriam provir do chamado sector empresarial do partido, mas isso nunca aconteceu no passado. É sabido também que o material de propaganda, destinado à campanha eleitoral do MPLA, já se encontra na maior parte do país. E, segundo se diz, em geral, é oriundo da China.

Acresce que o MPLA tira proveito de uma máquina de propaganda muito forte. Os meios de comunicação do Estado, segundo vozes críticas, confundem-se com os do partido, nomeadamente, a TPA (Televisão Pública de Angola), a Rádio Nacional e o Jornal de Angola. Além disso, também a esmagadora maioria dos média privados são controlados por grupos próximos do partido no poder.

Fernando Tati, o atual adido de imprensa da Embaixada de Angola em Berlim, é um conhecedor profundo do MPLA, uma vez que é um militante de longa data e ocupou, durante muitos anos, o cargo de diretor do jornal Éme, a publicação de propaganda do partido.
Em entrevista à DW África, Fernando Tati explicou que o êxito da campanha do partido de José Eduardo dos Santos em 2008, quando venceu as eleições com 82% dos votos, ficou a dever-se à “credibilidade e confiança que o MPLA conquistou no seio do povo angolano. O MPLA tem uma organização que parte das bases, porque um partido não existe sem militantes”.

Na abordagem à população angolana, ao longo da campanha eleitoral do MPLA, Fernando Tati detalhou que se optou “criar os comités de ação, que estão no seio das populações, nos locais de residência em todo o país, desde aldeias até aos bairros da cidade capital. Existem também os comités de especialidade para que os profissionais dessas respetivas especialidades se possam também pronunciar e aconselhar até a direção do partido sobre como conduzir determinada situação”.

Quando começar a campanha para as eleições gerais de 2012, o partido no poder montará uma festa com comícios, nos quais não faltarão os militantes, curiosos e funcionários públicos destacados para o efeito.

Manuel Vicente tem lugar de destaque na lista do MPLA
Os nomes dos protagonistas do MPLA, para as próximas eleições, pouco divergem dos de há quatro anos atrás. A principal novidade da lista, anunciada em junho, é a indicação, como número dois, de Manuel Vicente, antigo "patrão" da petrolífera estatal Sonangol. Em caso de vitória do MPLA, Vicente, de 55 anos, que desde o início do ano é ministro de Estado e da Coordenação Económica, será o vice-chefe de Estado e eventual sucessor de Eduardo dos Santos.

Fernando Piedade dos Santos, o atual vice-Presidente, surge em 15º lugar, uma posição abaixo da que ocupou em 2008, o que não deixa de ter significado, atendendo às aspirações que lhe eram atribuídas. A generalidade dos veteranos do MPLA mantêm-se em posição elegível.

Os observadores mais críticos da cena política angolana consideram que o desgaste do poder, os erros de governação e as múltiplas denúncias de abusos e corrupção podem penalizar o MPLA. E os partidos da oposição argumentam mesmo que só uma fraude maciça poderá explicar, em 2012, uma vitória parecida com a registada em 2008.

Conhecedor dos meandros do partido no poder, Fernando Tati refuta essas acusações, defendendo que “se todos nós fizermos a nossa parte, ou seja, se cada partido político fizer a sua parte tudo irá bem, certamente. Mas se se começar já com o princípio da desconfiança e da fraude antecipada, claro que isso não será um contributo válido para a lisura das eleições”.

José Eduardo dos Santos promete país mais justo
Na presentação do programa de governo do MPLA para o quinquénio 2012-2017, esta terça-feira (17.07), o Presidente angolano anunciou que é tempo de tornar o país "mais forte, mais justo e mais feliz".

A cerimónia, em Belas, Luanda, marcou o início da pré-campanha eleitoral. A campanha própriamente dita arranca no dia 1 de agosto e Eduardo dos Santos afirmou que espera que decorra com "compreensão e respeito pelas diferenças dentro do maior civismo e no respeito pela lei, sem entrar no insulto, ofensa e humilhação gratuita para o eleitor fazer um escolha consciente".

Autor: António Cascais
Edição: Glória Sousa / António Rocha

17.07. MPLA Retrato - MP3-Mono

Apoiantes do MPLA, o partido no poder, durante o período eleitoral de 2008
Apoiantes do MPLA, o partido no poder, durante o período eleitoral de 2008Foto: picture-alliance/ dpa
Antigo responsável máximo da Sonangol, Manuel Vicente, figura em segundo lugar da lista do MPLA às eleições gerais
Antigo responsável máximo da Sonangol, Manuel Vicente, figura em segundo lugar da lista do MPLA às eleições geraisFoto: Martin Wolter/Panoramio/Cruks
O Presidente José Eduardo dos Santos encabeça a lista do MPLA às eleições, pelo que tem sido alvo de manifestações
O Presidente José Eduardo dos Santos encabeça a lista do MPLA às eleições, pelo que tem sido alvo de manifestaçõesFoto: picture alliance/dpa
Fernando Tati considera que o MPLA conquistou a confiança do povo angolano
Fernando Tati considera que o MPLA conquistou a confiança do povo angolanoFoto: DW/A.Cascais
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