MPLA encerra congresso sem falar em sucessão
3 de maio de 2011O discurso de José Eduardo dos Santos não trouxe grandes novidades, dizem os analistas angolanos. Como habitualmente o presidente do partido do poder destacou, entre vários assuntos, os progressos políticos, económicos e sociais alcançados com a conquista da paz em 2002.
Apesar da crise financeira e económica internacional que atingiu também o país, o presidente do MPLA disse que para o seu partido as promessas feitas devem ser cumpridas. O presidente nada disse sobre a sua sucessão ou se será ou não cabeça de lista do seu partido nas próximas eleições. Apenas mencionou: "O próximo passo é a vitória nas eleições".
Tecnologias modernas são meios de "mobilização"
Na sexta-feira (29/4), o também presidente do MPLA disse que as modernas tecnologias de informação e comunicação - a internet, as chamadas redes sociais e os sms - devem constituir veículos de mobilização do contacto permanente, do esclarecimento e do debate de ideias.
Há quinze dias, em congresso preparatório, José Eduardo dos Santos fez um dos mais duros discursos dos últimos anos, mencionando as redes sociais e dizendo que pessoas no país e no exterior estariam a pressionar para a queda de um governo eleito, incentivando mensagens na internet.
“Nas chamadas redes sociais, que são organizadas via internet, e nalguns outros meios de comunicação social fala-se de revolução, mas não se fala de alternância democrática”, disse dos Santos, na ocasião (clique abaixo para ler o texto Presidente angolano reage a manifestações contra o governo).
Relações internacionais em destaque
José Eduardo dos Santos também considerou positivo o papel de Angola no domínio das relações internacionais, particularmente no continente africano, destacando a atual presença ao lado da Guiné-Bissau, membro da CPLP, à qual Angola preside actualmente. O presidente angolano salientou que Angola não toma a iniciativa de discutir os problemas alheios, "a não ser quando é expressamente convidada a fazê-lo".
UNITA critica passividade sobre antigos combatentes
Na reacção, a UNITA, principal partido da oposição, falou daquilo que não disse o presidente angolano, criticando o facto do presidente do partido no poder não se ter referido à problemática da reinserção social dos ex-militares dos três partidos que lutaram contra o colonialismo. "É uma questão que nos preocupa", salientou o porta-voz do partido do Galo Negro, Alcides Sakala.
Autor: Manuel Vieira (Luanda) / António Cascais
Revisão: Renate Krieger