Músicos e artistas querem "casa da cultura" no Niassa
21 de julho de 2015A província do Niassa, no norte, sempre foi considerada uma das regiões de Moçambique com um desenvolvimento cultural elevado. Os jovens do Niassa são conhecidos a nível nacional pelo seu gosto pelas artes e pela cultura em geral. A província conta com mais de 70 músicos e duas bandas musicais.
Segundo o presidente da Associação de Músicos do Niassa, Severino Diquissone, faz falta uma "casa da cultura" na província. Alerta ainda que a atividade cultural corre o risco de enfraquecer porque os músicos não têm um local apropriado para desenvolver as suas atividades.
"Nós, os músicos, precisamos de um espaço mais aconchegante", justifica Severino Diquissone, que sonha com a construção de um espaço "onde se possa montar um estúdio e uma sala de exposições para venda de discos, livros e outros produtos culturais".
Cinema ABC, o único espaço cultural
Esta preocupação também é levantada por um artista plástico que prefere não ser identificado. Afirma que já apresentou várias propostas à edilidade, mas esta não responde aos seus pedidos de criação de espaços para expor as suas obras.
"Quando enviámos documentos ao município para termos um espaço para vender as nossas obras, o município indeferiu o pedido", contou à DW África. "Por isso, as nossas obras estão guardadas em casa. Não temos onde expor", lamenta o artista.
As autoridades provinciais dizem estar cientes do problema e manifestam vontade de valorizar a cultura local. Segundo os responsáveis pelas políticas culturais, o alto nível de reconhecimento que o Niassa alcançou nos últimos anos em termos culturais deve-se, sobretudo, à sua primeira banda musical, os Massukos, entre outros artistas.
O governador do Niassa, Arlindo Chilundo, assegura que o governo provincial está em processo de negociação com o proprietário do Cinema ABC, o único espaço cultural que existe, para comprar uma parte do edifício. O cinema, uma construção da época colonial, está neste momento ocupado por uma confissão religiosa que alugou o espaço.
Segundo Arlindo Chilundo, também já foi pedido "um parecer técnico sobre o estado em que está o imóvel".