Nampula: Desentendimento na família Amurane
17 de janeiro de 2018A viúva do ex-edil de Nampula, Mahamudo Amurane, prometeu apoio apoio incondicional da família ao candidato da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO nas eleições intercalares em Nampula. Mas as declarações de Maria Luísa Amurane estão a gerar polémica na cidade e, em particular, no seio da família Amurane, concretamente entre os irmãos.
A família "direta" de Mahamudo Amurane, ex-autarca de Nampula assassinado em outubro passado, diz que não vai apoiar nenhum candidato e entende que a sua cunhada foi "coagida" para confundir a opinião pública.
Um dos irmãos do falecido presidente do município de Nampula, Selemane Amurane, diz à DW África, ter ficado "surpreendido" com a atitude da cunhada ao declarar apoio ao partido no poder em Moçambique, enquanto a família continua enlutada e sem o esclarecimento do assassinato da morte do seu irmão.
"Nós não apoiamos as palavras da minha cunhada. Nós ainda estamos de luto'', afirma Selemane Amurane.
O irmão mais novo de Mahamudo Amurane acrescenta que "ela é uma cidadã moçambicana, livre para se expressar e votar em quem quiser, mas não pode usar o nome da família Amurane."
A DW África tentou falar com Maria Luísa Amurane, sem sucesso.
Esperando por esclarecimentos
Até ao momento, não há nenhuma informação sobre quem foram os autores ou mandantes do assassinato de Mahamudo Amurane, mas a família diz que vai continuar à espera de uma resposta das autoridades.
Selemane Amurane reitera que a família do malogrado não vai apoiar nenhum candidato concorrente as eleições intercalares de 24 de janeiro.
"Não podemos apoiar um candidato, porque o meu irmão tinha um projeto e não posso desmoralizar a alma do meu irmão. Queríamos formar um partido, mas vamos participar nas eleições de [10 de outubro] de 2018'', explica.
Críticas à FRELIMO
O analista Arlindo Muririua entende que a viúva de Mahamudo Amurane é livre para apoiar qualquer partido, mas diz: "O pensamento da viúva não é o do Amurane. Quem sabe, mesmo quando era esposa dele, ela era membro da FRELIMO? Ela não deve falar em nome da família, mas em nome próprio", afirma.
Muririua não poupa críticas à FRELIMO por aproveitar as eleições para se fazer passar de "bom samaritano"
"O que não está bom moralmente e eticamente é dar condolências em tempos de campanha", diz o analista.
As eleições intercalares de 24 de janeiro acontecem depois do assassinato do edil da terceira maior cidade moçambicana, Nampula, Mahamudo Amurane, a 4 de outubro de 2017, quando o país celebrava mais um aniversário do Acordo Geral de Paz.