Nampula: Segunda volta das intercalares a 14 de março
20 de fevereiro de 2018A cidade moçambicana de Nampula vai novamente às urnas a 14 de março para escolher o presidente da autarquia. Na primeira volta, a 24 de janeiro, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) ficaram quase empatadas, com a FRELIMO em ligeira vantagem. Mas o escrutínio ficou marcado pela elevada taxa de abstenção.
Desta vez, cidadãos ouvidos pela DW África esperam que os eleitores acorram às urnas em massa, em prol do desenvolvimento da cidade: "Ficámos muito tempo sem um presidente no município e vemos qual é o resultado. Nota-se um fraco desempenho nas atividades da edilidade; há muito lixo e muita sujeira nos bairros da cidade", afirma o residente Nelson Agostinho.
Nampula realiza eleições intercalares depois do edil da cidade, Mahamudo Amurane, ter sido assassinado a tiro em outubro passado. O caso ainda está por esclarecer.
FRELIMO vs. RENAMO
Na segunda volta das intercalares em Nampula concorrem dois candidatos: Amisse Cololo, da FRELIMO, e Paulo Vahanle, da RENAMO.
Cololo conseguiu 44,5% dos votos na primeira volta e a FRELIMO está confiante na vitória. "Continuaremos a pedir o voto à população de Nampula, porque sentimos que ela está com o nosso candidato", disse Caifadine Manasse, porta-voz do partido no poder em Moçambique. "Por força da lei, não vencemos na eleição passada, mas continuaremos serenos e vamos vencer nesta segunda volta. Amisse Cololo é o candidato ideal para dar continuidade aos trabalhos para o melhoramento daquilo que são os anseios da população da cidade de Nampula."
André Majibiri, mandatário nacional da RENAMO, faz, entretanto, um apelo aos eleitores para irem às urnas votar: "Neste momento, os colegas estão a trabalhar afincadamente por forma a melhorarmos os nossos resultados e não só. Estamos a passar a mensagem ao eleitorado que não se fez presente no dia 24 de janeiro a ir as urnas e venceremos as eleições."
Voto obrigatório no futuro?
O jurista moçambicano Baptista Isseque receia, no entanto, que a abstenção volte a ser elevada na segunda volta, pois muitos residentes continuam de luto depois do assassinato do edil Mahamudo Amurane. O analista aponta uma solução para acabar com a abstenção no futuro: o voto obrigatório.
"O Governo moçambicano tem de procurar formas de obrigar as pessoas a ir votar", afirma. "Se o cidadão quiser tratar de um documento ou abrir uma conta bancária, deve-se exigir o cartão de recenseamento. E, no dia de recenseamento, todos vão votar."
Por causa da segunda volta das intercalares a 14 de março, o Conselho de Ministros de Moçambique marcou o início do recenseamento para as eleições municipais de outubro para o dia 14 até 19 de maio.