Governo "com todos" os signatários do Acordo de Conacri
31 de janeiro de 2018O Acordo de Conacri é um documento proposto pela Comunidade Económica de Estados da Africa Ocidental (CEDEAO) e rubricado, em outubro de 2016, por líderes guineenses, visando acabar com a crise política. Dois anos depois da assinatura do acordo, a crise ainda persiste.
A CEDEAO ameaçava aplicar sanções se até esta quarta-feira não fosse nomeado um Governo com base no referido acordo, assinado pelos cinco partidos com assento parlamentar, o líder do Parlamento e o grupo dos 15 deputados expulsos do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
Vencedor das últimas eleições legislativas, o PAIGC e outras duas formações políticas com assento parlamentar, a União para Mudança e o Partido da Convergência Democrática, todos subscritores do Acordo de Conacri, já anunciaram que não vão aceitar um primeiro-ministro que não seja nomeado na base do referido acordo.
Devido à falta de entendimento entre os signatários do Acordo do Conacri à volta da figura de Augusto Olivais que era apontada como a consensual no âmbito daquele documento, o Presidente guineense decidiu escolher Artur Silva como primeiro-ministro.
Eleições legislativas entre abril e maio
Artur Silva afirmou, em poucas palavras após a sua investidura disse que o seu mandato irá focar-se na realização das eleições legislativas entre abril e maio, tal como prevê a lei guineense.
"A minha principal tarefa é a realização das eleições legislativas. Brevemente teremos um governo formado por todos os signatários do acordo de Conacri".Militante e dirigente do PAIGC, Augusto Artur António da Silva, nascido em Bissau, é engenheiro de pescas formado entre o Brasil e Inglaterra, que já desempenhou vários cargos governamentais, nomeadamente ministro das Pescas, dos Negócios Estrangeiros, da Educação, Juventude e Desporto.Também foi ministro da Defesa guineense.
Artur Silva desempenhou igualmente as funções de conselheiro político e diplomático de Domingos Simões Pereira, na altura em que aquele chefiou o Governo, saído das eleições de 2014, mas entretanto demitido por José Mário Vaz.
Presidente da República diz ser o "primeiro dos inconformados"
O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, afirmou que é "o primeiro dos inconformados" com o estado de coisas negativas que acontecem no país, mas também é o ultimo a desistir do combate para as mudar.
No seu discurso de posse do novo primeiro-ministro Artur Silva, José Mário Vaz disse ser chegada a " hora da verdade e do trabalho" para construir uma Guiné-Bissau melhor. "Como já tive oportunidade de referir em outras ocasiões: Sou o primeiro dos inconformados com o atual estado das coisas negativas e serei o ultimo a desistir deste combate", destacou o líder guineense.
Na cerimónia de posse, o Presidente guineense apresentou Artur Silva como primeiro-ministro da sua confiança e pediu que os cidadãos do país também confiem no novo chefe do governo.
O Presidente disse que Artur Silva terá como tarefa principal organizar eleições legislativas ainda este ano e que sejam livres e transparentes.
José Mário Vaz considerou não ser fácil governar a Guiné-Bissau, mas também afirmou que não é uma tarefa impossível desde que se tenham "pessoas certas em lugares certos e com políticas certas".
No discurso, o líder guineense não se referiu à Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) que ameaça aplicar sanções aos dirigentes do país lusófono se estes não alcançarem entendimento quanto à figura do primeiro-ministro até hoje.
Uma delegação de alto nível daquela organização está em Bissau desde a manhã desta quarta-feira.
"Hoje mais do que nunca o nosso destino está nas nossas mãos", frisou José Mário Vaz.