Nyusi admite voltar a falar com Dhlakama
5 de outubro de 2015
Em Moçambique, o Governo e o maior partido da oposição, a RENAMO, deverão retomar em breve o diálogo político para o restabelecimento da paz, anunciaram as lideranças das duas partes.
O líder da RENAMO, Afonso Dlakhama revelou que estão em curso contactos para o seu regresso a capital do país, ido de parte incerta, onde se encontra refugiado desde finais de setembro depois da sua comitiva ter sido emboscada, pela segunda vez em menos de um mês, na provincia de Manica.
No decorrer das celebrações do Dia da Paz este domingo (04.10), o Presidente Filipe Nyusi destacou que ”continuamos a pautar pelo diálogo e segundo os últimos desenvolvimentos que temos tido dos contatos existe a esperança de que dentro de muito pouco tempo voltaremos a dialogar para falar sobre a paz. Estes são os desenvolvimentos das duas últimas semanas”.
Alargar o diálogo a outros sectores
Nyusi acrescentou ainda que o Governo pretende estender o diálogo entre o executivo e a RENAMO a outros sectores nomeadamente aos partidos políticos, a sociedade civil e as confissões religiosas.A retomada do diálogo foi confirmada pelo líder da Renamo, Afonso Dlakhama, falando telefonicamente para o canal de televisão privado STV.
A RENAMO suspendeu o diálogo com o Governo há cerca de um mês alegando falta de progressos nas negociações por alegada falta de seriedade por parte do executivo.
Nas últimas semanas o discurso político subiu de tom e a RENAMO acusou o governo de ter levado a cabo duas emboscadas contra a comitiva do seu lider, Afonso Dlakhama.
RENAMO não vai retaliar os ataques
Falando a partir de local incerto onde se encontra refugiado na sequência da última emboscada, a 25 de Setembro, Dlakhama reafirmou que não vai retaliar e adiantou que estão em curso contactos para o seu regresso a Maputo.
“A minha mensagem é de tranquilidade e para dizer que melhores dias estão a caminho principalmente para a juventude. Dhlakama vai continuar a trabalhar de forma pacificamente”, sublinhou o líder do maior partido da oposição em Moçambique.Abordado pela DW África, o analista Mussagy Jeichande, considerou que a atual situação no país era previsivel porque “os conflitos quando se repetem há o risco de se tornarem incontroláveis. As imagens da Líbia, da Síria e do Iraque dão-nos uma certa dimensão do que nos poderá acontecer. A partir do momento que voce tem petróleo e gaz os riscos de conflitos incontornáveis são enormes".
Jeychande salientou que a atual situação de instabilidade no país provoca mortes e retrai o investimento e defendeu o diálogo como única saída para se ultrapassar o problema. “A situação como se apresenta não é possível outra solução . O importante é que os moçambicanos dos dois lados percebam que este povo já sofreu bastante e é fundamental que uma solução definitiva seja encontrada”,concluiu o analista.