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Nyusi terá autonomia no Governo com Guebuza na FRELIMO?

Ernesto Saúl (Maputo)14 de janeiro de 2015

Analistas em Moçambique consideram que Filipe Nyusi, novo chefe do Estado a partir desta quinta-feira, poderá enfrentar enormes desafios de governação, caso a FRELIMO mantenha Armando Guebuza como presidente do partido.

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Filipe Nyussi (esq.) e Armando Guebuza a celebrar a escolha do primeiro como candidato às presidenciais de 2014Foto: Leonel Matias

O Presidente cessante da República de Moçambique, Armando Guebuza, continuará a ser o detentor do poder decisório na governação de Filipe Nyusi, que toma posse esta quinta-feira (15.01), em Maputo, como chefe do Estado, segundo analistas.

O facto de Guebuza continuar a presidir à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido através do qual Nyusi foi eleito chefe do Estado, é a principal razão desta opinião.

O analista Dércio Alfazema diz que este cenário poderá interferir, por exemplo, na composição do novo Governo. “O conforto ou o desconforto que o Presidente da República poderá ter em relação à falta deste comando totalitário no seu próprio partido poderá ditar uma situação que pode levar o partido a repensar se vale a pena esperar um término do mandato do presidente Guebuza no partido ou se vale a pena convocar uma sessão extraordinária dentro da própria FRELIMO”, defende.

Hegemonia da “velha guarda”

Para o jornalista Fernando Lima, do semanário independente “Savana”, esta tendência visa essencialmente garantir a hegemonia da chamada “velha guarda” da FRELIMO, que poderá, no entanto, gerar discórdias com a nova geração do partido.

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“É a velha guarda que toma conta do partido e quer sangue novo para assumir a chefia do Estado e isto pode criar controvérsias”, afirma o analista, acrescentando que “há também uma grande expetativa em Moçambique de como a FRELIMO vai resolver este tipo de desafio.”

Fernando Lima acredita, por outro lado, que, à semelhança do que aconteceu no período em que Guebuza sucedeu a Joaquim Chissano, o partido no poder encontrará um meio-termo para que Filipe Nyusi dirija também o partido.

“Isto é um debate interno do partido FRELIMO, onde há uma corrente de opinião que é muito forte que defende que a breve trecho todas as estruturas do partido estarão em posição de alterar essa situação. Diria que num espaço de um a dois anos”, prevê o jornalista.

Esperança ofuscada?

Trata-se de uma esperança ofuscada por Damião José, porta-voz da FRELIMO, que garante nada poder alterar a decisão de manter Armando Guebuza na presidência do partido.

Mosambik - Präsidentschaftskandidat Filipe Nyusi
Filipe Nyusi venceu as presidenciais de 2014 com 57,03% dos votosFoto: Getty Images/G. Guerica

“Foi assim que o 10° Congresso do nosso partido decidiu e é assim que vamos continuar a cumprir com aquilo que foi a decisão deste órgão da FRELIMO”, sublinha Damião José.

Filipe Nyusi herda uma governação caracterizada por avanços e retrocessos nas esferas sociopolítica e económica. Daí as expectativas dos cidadãos em relação à forma como o novo Presidente da República irão gerir estes e outros desafios.

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