ONU descobre 50 valas comuns na RDC
27 de janeiro de 2019Mais de 50 valas comuns foram identificadas no oeste da República Democrática do Congo (RDC) após uma onda de assassinatos na região, disse um grupo de direitos humanos da ONU.
"Há mais de 50 valas comuns, bem como sepulturas comuns e individuais que identificamos" em Yumbi, na província ocidental de Mai-Ndombe, disse Abdoul Aziz Thioye, diretor do Escritório Conjunto das Nações Unidas para os Direitos Humanos (UNJHRO) na RDC após uma missão conjunta de investigação com as autoridades locais.
"Isso sugere que o número (de mortes) é bastante alto, porque uma vala comum, dependendo do tamanho, pode conter cinco, dez corpos" ou até mesmo "cem corpos ou quatro vezes mais", disse Thioye na sexta-feira, citado pela agência AFP este domingo (27.01).
O chefe do exército no oeste da RDC, o general Fall Sikabwe, disse à AFP que a investigação já havia começado. "Eles mataram soldados e polícias, levando suas armas para o abate", disse o general, sem avançar mais detalhes sobre os assassinatos.
Conflitos
No início deste mês, a ONU alertou que pelo menos 890 pessoas foram mortas durante três dias de confrontos entre comunidades de etnias rivais naquela região.
A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse em comunicado em 16 de janeiro que o escritório da ONU havia sido informado por "fontes confiáveis" de que o povo foi morto entre 16 e 18 de dezembro em quatro aldeias de Yumbi.
A violência pode estar enraizada numa longa rivalidade entre as etnias Banunu e Batende, desencadeada quando membros da tribo Banunu enterraram um chefe tradicional na terra Batende na noite de 13 de dezembro.
Cerca de 465 casas e edifícios foram queimados ou saqueados, incluindo duas escolas primárias, um centro de saúde, um mercado e o escritório da comissão eleitoral nacional, informou o órgão da ONU.
Deslocados
A agência de refugiados da ONU informou no início deste mês que 16 mil pessoas fugiram das aldeias para a vizinha República do Congo, também conhecida como Congo-Brazzaville.
A situação, segundo afirmou este domingo o diretor da UNJHRO, ainda é preocupante na região, já que a população que então fugiu ainda não conseguiu voltar.
"Há ainda um sério problema de confiança por parte da população, que se encontra atualmente refugiada no Congo e que espera que a situação se normalize antes de voltar", disse Thioye, que falou de "pequenos movimentos de ida e volta" para saber como estão as coisas.
Em 2009, os confrontos étnicos na região obrigaram 130 mil pessoas a procurar abrigo na República do Congo - que agora abriga 60 mil refugiados, principalmente da República Democrática do Congo, da República Centro-Africana e de Ruanda.