Angola aprova orçamento milionário sem tratar da suposta compra de jaguares
9 de novembro de 2012Apesar de não ter sido uma questão debatida na sessão extraordinária desta quinta-feira (8.11), a compra de viaturas protocolares de luxo de marca Jaguar para os 220 deputados da Assembleia Nacional acabou por ser um ponto abordado à margem dos trabalhos.
A polémica
O assunto foi levantado há três semanas, pelo semanário Novo Jornal, que anunciou a existência de viaturas de marca Jaguar no porto de Luanda que supostamente seriam distribuídos aos parlamentares.
Segundo o Novo Jornal, o Jaguar estaria a ser comprado por 250 mil euros. Alguns dias depois, vários comentários de políticos da oposição e de membros da sociedade civil fizeram ouvir-se.
Nesta quinta-feira, a porta-voz da Assembleia Nacional, a deputada Emília Carlota Dias, fez questão de dizer que tudo não passa de uma grande mentira.
"A gente tem estado a acompanhar esse tema. Isso tudo não passa de um boato. Alguém tentou, se calhar, fazer alguma simulação para, talvez, pressionar o presidente da Assembleia Nacional. Nossa linha de carros protocolares sempre foi a BMW."
A negação
O maior partido da oposição angolana, a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), também considera infundada a notícia da compra de viaturas de luxo, mas o seu presidente de bancada, Raúl Danda, afirma que caso o fato viesse a ser confirmado, votaria contra.
O presidente da bancada do partido maioritário, o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), Virgílio de Fontes Pereira alinha no mesmo diapasão: "A nossa posição é de que não há nenhuma credibilidade nessa notícia que veio a público. Em momento algum, esta questão da compra de viaturas Jaguar foi decidida pelo plenário da Assembleia Nacional."
Mas a UNITA tem outras ideias em relação à compra de viaturas protocolares. "Isso será discutido quando tratarmos do próximo orçamento da Assembleia Nacional. O Ministério dos Transportes não poderia fazer esta importação? Será que não se pode fazer um concurso público para a aquisição de viaturas, bens e serviços? Isto é que vale no sentido da transparência", explica o presidente da bancada parlamentar, Raúl Danda.
Autor: António Carlos Moura (Luanda)
Edição: Bettina Riffel / António Rocha