1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Partido Popular tem corrida eleitoral em Angola comprometida e está indignado

5 de julho de 2012

De acordo com o Partido Popular, da oposição angolana, o Tribunal Constitucional anulou 6.516 das assinaturas apresentadas para integrar a corrida às eleições gerais de 31 de agosto.

https://p.dw.com/p/15RyO
Die Landeshauptstadt Luanda liegt an einer Bucht des Atlantik (Foto vom 25.10.2006). Hochhäuser, die sich teilweise noch im Bau befinden, dominieren die Silhouette der Stadt. Foto: Thomas Schulze +++(c) dpa - Report+++ Schlagworte Bauten, Gebäude, Geografie, Gewässer, Küsten, Städte, Hochhaus, kran, Stadtansicht, zb
Luanda Angola Hauptstadt Panorama Stadt StadtansichtFoto: picture-alliance/dpa

A Equipa Técnica do Tribunal alega que os nomes das pessoas que subscrevem a candidatura do Partido Popular (PP) não constam do FICRE, o Ficheiro Central do Registo Eleitoral.

Segundo informação do próprio PP, o partido, liderado pelo ativista dos direitos humanos David Mendes, apresentou ao Tribunal Constitucional (TC) 15.400 assinaturas, das quais 5.500 pelo círculo nacional e as restantes foram recolhidas nas províncias.

Em comunicado, aquela força partidária considera que “se compararmos os números das assinaturas validadas com as que deram entrada, existe um grande desfasamento, o que causa estranheza”. E exemplifica que na província angolana do Kwanza Sul há zero assinaturas validadas, o que significa que todas as que o PP recolheu foram consideradas inválidas. O PP alega que apresentou 550 assinaturas por cada uma das províncias.

Além do PP, outros partidos como Partido Republicano de Angola (PREA), o Movimento de Defesa dos Interesses de Angola-Partido de Consciência Nacional (MDIA-PCN) e a Coligação Voz Democrática (CVD) não foram autorizados a participar no escrutínio devido às irregularidades detetadas nos respetivos processos.
Recorde-se que o Tribunal Constitucional angolano já confirmou a participação nas eleições gerais de 31 de agosto dos três maiores partidos, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e o Partido de Renovação Social (PRS), e ainda da recém-criada Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE).

No dia 7 de julho, o Tribunal Constitucional entrega formalmente à Comissão Nacional Eleitoral (CNE) a relação de todas as forças políticas confirmadas para as eleições.

Entretanto, em entrevista à DW, Albino Serra, mandatário do PP, mostrou-se indignado com a anulação das assinaturas por parte do TC.

DW África: O Tribunal Constitucional angolano invalidou algumas assinaturas do Partido Popular, comprometendo assim a participação do PP nas próximas eleições gerais. Como é que o PP está a encarar esta decisão do Tribunal?

Albino Serra (AS): Primeiramente o TC aceitou a nossa candidatura para o pleito eleitoral. Mas depois comete o grande erro de não a aceitar, por um motivo que nós não sabíamos.
Nós entregamos a declaração dos apoiantes ao nível do PP. Entregamos as pastas, aceitaram-nas e foram compiladas ou processadas na primeira abertura. Houve uma grande disparidade ao nível do TC e as nossas declarações foram confirmadas na totalidade. Verificou-se que nós tínhamos algumas lacunas, nomeadamente de duplicidade de cartões.
Enquanto mandatário do PP para o Tribunal Constitucional, o que mais me admira é que o meu cartão eleitoral não foi aceite, porque o FICRE [Ficheiro Central Informático do Registo Eleitoral] não aceitou o meu cartão. Porquê? O que aconteceu foi que a equipa técnica que está a processar os dados no TC fez alterações ao meu número. O meu número termina em 16 e eles alteraram automaticamente para 17. O que quer dizer que o próprio FICRE não tem credibilidade ao nível do processamento de dados.

DW África: O PP considera que em Angola estão reunidas as condições para a realização de eleições livres e justas?
AS: Não. O PP não concorda que Angola tenha as condições reunidas para que as eleições sejam justas. Infelizmente nós já temos vários dados reunidos, segundo os quais a CNE recebeu documentos que ainda não foram submetidos a auditoria.
Nós não aceitamos que as eleições para as Forças Armadas, para a polícia sejam feitas em voto antecipado, não concordamos com isso. E também não concordamos que as embaixadas no exterior votem enquanto o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola, o partido no poder) sempre rejeitou que as eleições fora do país [na diáspora] não fossem deferidas. A Assembleia Nacional discutiu isso mas não aprovou.

Jose Eduardo dos Santos attends African Cup of Nations final soccer match between Gnaha and Egypt, in Luanda, Angola, Sunday, Jan. 31, 2010. (ddp images/AP Photo/Darko Bandic)
José Eduardo dos Santos, presidente de AngolaFoto: dapd
Depois das eleições de 2008, os eleitores angolanos voltam às urnas a 31 de agosto
Depois das eleições de 2008, os eleitores angolanos voltam às urnas a 31 de agostoFoto: picture-alliance/dpa


DW África: Porque é que o PP não concorda com a votação antecipada de militares?

AS: Porque poderia haver duplicidade sobre esse aspecto: votar antes dois dias, do ato eleitoral, e depois de dois dias votar outra vez. Quer dizer, votar com fardamento e depois tirar o fardamento e vestir uma camisola branca.

Autora: Helena Ferro de Gouveia
Edição: Glória Sousa / António Rocha

05.07 Entrevista com Albino Serra (mandatário do PP) - MP3-Mono