Petróleo: uma solução para o crescimento de São Tomé?
7 de julho de 2014São Tomé e Príncipe quer acelerar o desenvolvimento económico até 2025 e, como solução, propõe aos investidores 13 projetos baseados num estudo que elegeu o turismo, a agricultura e a prestação de serviços como sendo as principais atrativos do país. Mas a ilha tem outra riqueza: o petróleo, que continua a ser uma miragem, embora já tenha rendido ao país mais de 77,8 milhões de dólares norte em dez anos.
Com cerca de 180 mil habitantes, São Tomé e Príncipe produz anualmente 5 milhões de dólares, segundo dados do Banco Central. O orçamento geral do Estado está avaliado em 150 milhões de dólares. O Governo procura vias para reduzir a dependência do financiamento externo. A exploração do petróleo - que tarda em chegar - poder ser uma das soluções.
Exploração petrolífera suscita interesse estrangeiro
“Nós não temos ainda as infraestruturas necessárias para lidarmos com a situação do petróleo”, afirma José Cardo Casandra, presidente do Governo da Região Autónoma do Príncipe, sublinhando, no entanto, “que isso não quer dizer que o petróleo não seja importante”. Na opinião do governante, o petróleo é “muito importante, até para financiar o turismo de alto nível”. O país já arrecadou 9 milhões de dólares na adjudicação de blocos petrolíferos na Zona Económica Exclusiva, enquanto que, na zona conjunta com a Nigéria, entraram para os cofres do Estado 77,8 milhões de dólares de lucros através de bónus de assinatura.
“Temos uma legislação em matéria petrolífera que é extremamente transparente e corresponde aos padrões internacionais”, lembra o ministro das Finanças, Hélio D´Almeida, defendendo a boa gestão do dinheiro do petróleo. “Existem regras claramente definidas para assegurar a salvaguarda dos interesses das gerações futuras”, acrescenta.
No entanto, durante o seminário “Acelerar o processo de desenvolvimento económico de São Tomé e Príncipe”, Arzemiro dos Prazeres, diretor do escritório da Autoridade Conjunta em São Tomé, declarou que “ainda não há actividades offshore” e que têm estado a trabalhar na criação dos chamados “tank farms” ou “bunkers” de apoio à exploração petrolífera. “Há condições físicas no norte do país para se pôr em evidência um projeto desta natureza e parece-me existir um grande interesse não só de instituições de países vizinhos como também do setor privado”, explicou, no entanto, Arzemiro dos Prazeres.
Projetos de investimento para diminuir dependência externa
Num contexto de crise financeira mundial, São Tomé e Príncipe precisa de 360 milhões de euros para investir em 13 projetos suscetíveis de atrair o investimento direto estrangeiro, para que a economia do pais seja menos dependente do capital oferecido, aumentando a sua visibilidade regional.
“Os projetos têm nome e apelido, são projetos concretos”, começa por frisar Armando Cabral, sócio e diretor-geral da consultora Mackenzie Company, autora do estudo financiado pela operadora de telecomunicações UNITEL STP que se debruçou sobre Turismo, Agricultura e prestação de Serviços. “São projetos para fazer negócios concretos, criar hóteis, fazer quintas, criar fábricas”, descreve Armando Cabral.
O Presidente santomense, Manuel Pinto da Costa, já se congratulou com as linhas do estudo. “O futuro de São Tomé e Príncipe também se construirá hoje, nesta sala e com esta assembleia”, declarou o Presidente durante o seminário, convidando os presentes “a contruir a unidade nacional em torno das propostas analisadas, de modo a que estas se transformem num desígnio nacional”.
Em 2012, recorde-se, a falta de consenso político afastou a possibilidade de empréstimo de 380 milhões de dólares que Angola deveria conceder a São Tomé e Príncipe para impulsionar o seu desenvolvimento económico.