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Polícia detém dois suspeitos do assassinato de Cistac

Leonel Matias (Maputo)13 de abril de 2015

Quase um mês e meio depois do assassinato do constitucionalista franco-moçambicano, a polícia deteve dois homens suspeitos de envolvimento. As investigações prosseguem.

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Constitucionalista franco-moçambicano Gilles Cistac foi morto no início de marçoFoto: A Verdade

Já se encontram nas mãos da polícia moçambicana dois suspeitos de envolvimento no assassinato do constitucionalista Gilles Cistac.

"São eles Lúcio Manuel e Arsénio Nhaposse", anunciou esta segunda-feira (13.04) o porta-voz da polícia, Arnaldo Chefo, numa conferência de imprensa na capital moçambicana. "Lamentamos não os poder apresentar aos órgãos de comunicação social por ainda estarem a decorrer diligências para o solicitar".

Poucos detalhes

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Chefo não avançou detalhes sobre a data exata e as circunstâncias da detenção dos dois suspeitos. Disse apenas que ambos são moçambicanos e se encontram detidos na cadeia de máxima segurança de Maputo.

O porta-voz da polícia sublinhou, no entanto, que o facto de o tribunal da cidade de Maputo ter autorizado as detenções revela, por si só, que a polícia conseguiu apresentar "indícios de elementos factuais" sobre a suspeita de envolvimento dos dois homens no assassinato.

Mas, mais uma vez, Chefo recusou-se a entrar em pormenores "para não atrapalhar o processo de investigação. Há um trabalho que está a ser feito com vista a localizar todos os elementos da quadrilha que cometeu este crime."

Um sinal para a família e amigos de Cistac

O constitucionalista franco-moçambicano Gilles Cistac foi baleado por homens armados a 3 de março numa zona nobre da cidade de Maputo.

O seu assassinato provocou uma onda de choque e de consternação no país, tendo sido organizados protestos nas duas principais cidades do país, Maputo e Beira. Os manifestantes exigiam à polícia moçambicana uma investigação exaustiva e transparente para que os autores do crime respondam perante a Justiça.

Trauer nach der Ermodung von Gilles Cistac in Maputo
Assassinato do constitucionalista provocou uma onda de choque em MoçambiqueFoto: Getty Images/Afp/Sergio Costa

Reagindo às detenções que acabam de ser efetuadas, o analista Calton Cadeado disse à DW África que, tratando-se de informações preliminares, é necessário ter alguma cautela e paciência para perceber na profundidade o sinal que acaba de ser dado pela Polícia.

No entanto, "este é um sinal que pode tranquilizar a família, os amigos e os colegas do professor Cistac, tal como a sociedade em geral, para ficarmos com a clara sensação e expectativa de que nenhum crime pode passar impune."

O assassinato de Gilles Cistac foi várias vezes associado a alguns posicionamentos que ele assumira contrários ao regime. Cistac disse, por exemplo que não havia um impedimento constitucional à pretensão do maior partido da oposição, a RENAMO, de criar autarquias provinciais nos locais onde saiu vencedora nas eleições gerais de 15 de outubro de 2014. Os resultados eleitorais foram contestados pelo partido, que os considerou "fraudulentos".