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Portugal: Jovem ativista angolano termina greve de fome

21 de dezembro de 2021

Depois de 21 dias, Kissamá de Castro acabou com a greve de fome em frente ao Palácio da Presidência portuguesa. O ativista angolano protestou até segunda-feira contra a miséria extrema e a corrupção no seu país.

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Ativista angolano Tomás Kissamá de Castro
Tomás Kissamá de Castro, ativista angolanoFoto: Joao Carlos/DW

Foram 21 dias de greve de fome em protesto contra a corrupção e a miséria, particularmente no sul de Angola. Tomás Kissamá de Castro permaneceu frente ao Palácio Presidencial, em Belém, para chamar a atenção da comunidade internacional face à situação social e política no seu país.

"O Presidente Marcelo [Rebelo de Sousa] tem um apreço por João Lourenço [Presidente de Angola]. O nosso objetivo era que o Presidente Marcelo nos recebesse, efetivamente, e escutasse a nossa mensagem", diz.

"Felizmente, o Presidente esteve presente cá numa passeata e eu apresentei a situação de Angola. Gritei em nome dos angolanos. Precisamos de ter uma operação urgente para Angola, porque é uma situação crítica e caótica". 

Papel de Portugal?

Kissamá quis também com esta manifestação pedir a intervenção do chefe de Estado português junto da União Europeia para prevenir eventuais fraudes nas eleições gerais de 2022, que, receia, podem conduzir a instabilidade social.

Presidente de Angola, João Lourenço (esq.), e Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa
Presidente de Angola, João Lourenço (esq.), com o seu homólogo português, Marcelo Rebelo de SousaFoto: DW/J. Carlos

O jovem angolano diz que, com a sua greve, os políticos não podem dizer que não foram avisados.

"Vamos fazer pressão junto de todas as instituições de Portugal e da Europa para [ajudarem a] resolver os problemas principais de Angola e serem observadores, para termos eleições justas e transparentes e para assegurar a estabilidade social em Angola. É isso que estamos a pedir."

O ativista lembra que Lisboa tem responsabilidades e pode jogar o papel de árbitro perante a situação nas suas antigas colónias: "Portugal não pode compactuar com o sofrimento e as atrocidades contra os Direitos Humanos, que são violados todos os dias".

A greve, acrescenta, faz parte da estratégia da associação "Vozes de Angola na Europa" e da "Academia Africana dos Direitos Humanos", que visa, em nome da paz e da estabilidade, alertar as instituições europeias e americanas sobre crimes e atrocidades no país.

"Se nós não tivermos respostas às nossas ações, vamos voltar a fazer a greve de fome até o mundo perceber o nosso protesto", assegura Kissamá.

Carlos Sousa, ativista angolano
Carlos Sousa, ativista e membro da "Viver Angola”Foto: DW/J. Carlos

Greve diante da embaixada de Angola teria mais impacto

Carlos Sousa, da diáspora angolana em Portugal, apoia a causa defendida por Kissamá de Castro, mas acredita que o seu protesto devia ter sido em frente à Embaixada de Angola em Lisboa, porque ali teria mais impacto. "Poderia também ter os próprios partidos da oposição em Portugal, que pudessem dar sinais de solidariedade, coisa que não temos vindo a assistir", entende Sousa.

O membro do grupo "Viver Angola" diz que é necessário perceber os sinais da atual conjuntura, mas reconhece que a luta do associativismo angolano deve continuar em busca de soluções para uma Angola melhor, "em alternância de um poder que está instalado e que toda a gente sabe que não tem tido soluções para as populações angolanas".

Na tarde de segunda-feira (20.12), ante o olhar dos guardas da Presidência da República Portuguesa e após um período de reflexão, Kissamá de Castro recolheu os seus pertences e regressou a casa na companhia de familiares e amigos, devendo receber assistência médica depois de recaídas físicas que sofreu após a greve de fome. 

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