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Preços altos em Angola inibem turistas portugueses

João Carlos (Lisboa)19 de março de 2014

A edição da Bolsa de Turismo de Lisboa deste ano identificou a baixa procura constante dos portugeses por destinos turísticos em Angola. Os elevados preços do país africano desencorajam o visitante de Portugal.

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Foto: DW/J. Carlos

Os preços das hospedagens nos hoteis angolanos assustam o consumidor português. É a conclusão da maioria das operadoras que estiveram na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), uma das maiores feiras na Europa.

Margarete Silva é uma curiosa no setor e não tem dúvidas de que Angola é um destino turístico emergente, com enorme potencial.

"Eu acho que é um fabuloso destino turístico. Em termos de patrimônio paisagístico e natural é imenso. São destinos que movem não somente os próprios locais, mas várias pessoas da África e Europa a visitar [o país]."

Para a cidadã portuguesa, apesar das excelentes atrações que Angola oferece, o obstáculo-chave é o elevado preço praticado no mercado. Tal fator acaba intimidando o turista.

"Não é qualquer carteira que consegue ir a Angola porque é uma viagem dispendiosa, os hotés também são caros. Mas é uma questão também de objetivo. O que move as pessoas não é somente o [preço]", avalia.

Novas medidas

Um empresário português ligado a uma agência de viagens, que solicitava informações sobre o mercado angolano, reconhece o fator preço como um dos entraves.

Ele não aceitou gravar para a DW, mas fez questão de frisar que Angola é um destino que, na sua agência, não é muito procurado por causa disso.

"Inevitavelmente, só vai [à Angola] quem tem negócios [por lá]", lamenta antes de deixar o pavilhão angolano, situado na área internacional, onde também estão países como Brasil, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

Há 32 anos, no país das palancas negras, Paul Wesson, de origem inglesa, integra uma empresa na área do eco-turismo. Trouxe o produto para atrair sobretudo empresas e turistas portugueses devido à forte ligação entre Portugal e Angola. Ele admite que os preços são elevados para qualquer cliente, não apenas o português.

Wesson assinala o esforço que o Governo angolano está a fazer para o desenvolvimento do turismo e tem fé que a seu tempo as exigências do setor vão levar a implementação de medidas. Entre as iniciativas destacadas por Wesson está a redução de impostos e melhoria dos benefícios fiscais para atrair mais investimentos.

Lógica de mercado

Pela primeira vez na BTL, José Domingos André, diretor da província angolana de Malanje, responsável pelo comércio, hotelaria e turismo, acha que a tendência é de crescimento do mercado de turismo angolano.

Domingos André acredita que este fenômeno esteja ligado ao esforço do angolano de importar muitos produtos para satisfazer a necessidade do mercado in terno. Tal iniciativa causaria um desequilíbrio nos preços.

"A oferta é sempre menor do que a procura. Então esta situação pode vir a influenciar até na concorrência. Os juros ainda são altos e isto provoca este fenômeno na concorrência, que, em determinados momentos, parece até ser desleal", explica.

Domingos André acredita que a situação deverá ser revertida, ultrapassando os vários constrangimentos para que o turismo seja transformado em uma indústria promissora no país.

Margarete Silva considera que Angola pode oferecer serviços mais competitivos, que venham a atrair mais turístas estrangeiros, entre os quais portugueses.

"No futuro, com boas estruturas, podem vir a competir ao nível de destino de praia. Acho que é uma excelente aposta, forma também de Angola poder progredir aprendendo e fazendo. Vendo bons exemplos, também se chega lá."

Tourismusmesse BTL 2014 Lissabon - Turismus in Angola
José Domingos André é diretor em MalanjeFoto: DW/J. Carlos
Tourismusmesse BTL 2014 Lissabon - Turismus in Angola
Margarete Silva: "Angola pode oferecer serviços mais competitivos"Foto: DW/J. Carlos

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