Presidente alemão efetua primeira visita oficial a África
11 de dezembro de 2017O Presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, deu início à sua primeira visita oficial ao continente africano desde que assumiu o cargo, em março, de 2018. As relações económicas, o combate às causas da migração e a integração dos repatriados são os focos da viagem que arrancou nesta segunda-feira (11.12) no Gana, um “parceiro-chave” na África Ocidental para as autoridades alemãs.
O Presidente ganês, Nana Akufo-Addo, assinala um ano no poder, numa altura em que o país enfrenta vários desafios na economia. E o chefe de Estado do Gana tem um objetivo claro. “Queremos construir um país que não precise de ajuda. Um país independente, que consiga cuidar de si mesmo, erguer-se sozinho. E podemos fazê-lo, se desenvolvermos a mentalidade certa”, frisou o Presidente Akufo-Addo.
As declarações foram feitas na semana passada, durante a visita do Presidente francês, Emmanuel Macron, ao Gana.
“Não podemos continuar com esta política para nós, para os nossos países, para o continente. Uma política baseada no apoio que a França ou a União Europeia nos possam dar”, afirmou Akufo-Addo, quem considera que a cooperação para o desenvolvimento teve pouco sucesso. “Não funcionou e não vai funcionar”, completou.
Pontes entre África e Europa?
O Gana, no entanto, continua a trabalhar com os parceiros europeus para promover o desenvolvimento do país. E este será certamente um tema em destaque durante a visita do Presidente alemão e da sua delegação de empresários.
A Alemanha quer fornecer 100 milhões de euros para a parceria de reformas com o Gana. O objetivo é melhorar as condições para os investidores internacionais e locais.
Por sua vez, a União Europeia prometeu ao Gana um apoio de 323 milhões de euros até 2020 para desenvolver os sistemas de governação, educação, segurança social e agricultura.
Os cerca de 29 milhões de habitantes do Gana vivem há anos com dificuldades. O crescimento económico do país é baixo e a taxa de desemprego é elevada. As falhas no fornecimento de electricidade são uma realidade diária, porque a capacidade energética do país é insuficiente. Em termos de governação, segundo o Índice Mo Ibrahim, o país está cada vez pior. E continua a mostrar sinais preocupantes nas áreas da segurança, saúde e educação.
As descobertas de petróleo e gás ao largo da costa do Gana não foram suficientes para mudar a situação. Em primeiro lugar, porque o preço do petróleo caiu. Em segundo, porque o anterior Governo já tinha gasto a receita da exploração destes depósitos antes mesmo de terem entrado nos cofres do Estado.
Interesse alemãoDesde que tomou posse, em janeiro de 2017, o Presidente Akufo-Addo deu início a uma série de projectos de reforma: mais apoio à agricultura e à indústria nacional, mais iniciativas no sector da energia. E a economia alemã vê muitas oportunidades nestas áreas: energia renovável, transporte e abastecimento de água, por exemplo.
É um dos motivos pelos quais o Presidente Frank-Walter Steinmeier se faz acompanhar por uma delegação empresarial.
Durante os quatro dias, o Presidente alemão, visitará o Gana e a Gâmbia acompanhado pela ministra da Economia, Brigitte Zypries, e 18 empresários e representantes de associações de negócios.
Resta saber o que quer dizer ao certo o Presidente do Gana, Akufo-Addo, quando disse: “querer um Gana que não precise de ajuda”.