Presidente da RD Congo, sob pressão, reprime oposição
19 de março de 2015Foi o que aconteceu nos últimos dias, quando ativistas dos movimentos de cidadãos "y en a marre", ou "chega" em português, do Senegal, e "balai citoyen", ou "cidadão-vassoura" em português, do Burkina Faso, e outros, se reuniram com jovens congolenses, em Kinshasa, para sensibilizá-los a falarem sobre democracia e a promoverem a participação política.
Repressão de movimentos de cidadãos nacionais e internacionais
As forças de segurança, então, interromperam o evento e prenderam cerca de trinta ativistas. Em Goma, no leste do Congo, as forças de segurança detiveram pelo menos dez cidadãos que protestavam contra as detenções. Eles foram libertados nesta quarta-feira (18.03.2015).
O governo congolês considerou que os ativistas do Senegal e do Burkina Faso queriam organizar uma revolta no país, disse o ministro da Informação Lambert Mende, alegando que as autoridades policiais da República Democrática do Congo (RDC) "apenas tentavam defender a segurança no país, que não pode ser dominada por ativistas senegaleses. Os senegaleses têm de limitar o seu ativismo ao Senegal, os burquinenses ao Burkina Faso."
Movimentos cívicos obtiveram vitórias em vários países de África
Dias depois, o governo disse que iria expulsar os ativistas estrangeiros do Congo. No Senegal, o "y en a marre", em 2012, lutou pela destituição do Presidente Abdoulaye Wade, que perdeu na segunda ronda eleitoral para o concorrente Macky Sall.
O Balai citoyen protestou no ano passado contra uma emenda constitucional no Burkina Faso, que garantiria mais um mandato ao então Presidente Blaise Compaoré, levando-o a sair do cargo no final de outubro de 2014. Desde então, um governo de transição está à frente do país.
Os ativistas alegam que seu objetivo seria difundir a informação, como afirma o porta-voz do "balai citoyen", o músico Smockey:
"Denunciamos um ataque à liberdade de expressão. Nossos ativistas foram para o Congo armados apenas com palavras. Ninguém tinha kalashnikovs ou granadas. 'Balai citoyen' e 'y en a marre' são movimentos pacíficos."
"Quanto mais nos reprimem mais adeptos ganhamos"
Phil Clarke, da Escola de Estudos Orientais e Africanos de Londres, considera exagerada a reação do governo do Presidente Joseph Kabila, que governa o país desde 2001. Para ele, a repressão tem tido efeitos colaterais: "Vimos nos últimos três ou quatro meses que sempre que as forças de segurança congolesas tentam reprimir ativistas da democracia, tem aumentado o número de jovens pessoas nas ruas."