1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Nyusi admite participação de mediadores nas negociações

Leonel Matias (Maputo)16 de junho de 2016

Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique, anunciou que aceitará presença de mediadores nas negociações entre o Governo e a RENAMO, principal partido de oposição, apontando o fim imediato dos confrontos como uma prioridade.

https://p.dw.com/p/1J8Kh
Presidente de Moçambique Filipe Nyusi (esq.) e Afonso Dhlakama, líder da RENAMOFoto: picture-alliance/dpa/Pedro Sa Da Bendeira/Getty ImagesGianluigi Guercia/Montage

O Presidente Filipe Nyusi, disse esta quinta-feira (16.06.), pela primeira vez, que aceita a exigência da RENAMO que condiciona a realização do diálogo ao mais alto nível entre o Governo e o maior partido da oposição à presença de mediadores. Nyusi destacou que o importante, neste momento, é que as duas partes dialoguem para terminar com a guerra e desenvolver o país.

Filipe Nyusi reconheceu, por outro lado, que a situação político militar que se vive no país não é das melhores para que se deixe que as coisas aconteçam.

Segundo Nyusi, as pessoas sabem apenas o que acontece nas estradas, numa alusão ao aumento do número de ataques a viaturas civis que têm resultado igualmente em mortos, feridos e danos materiais. Ele falava num comício no quadro da presidência aberta no posto administrativo da Machava, na província de Maputo.

O comício coincidiu com as celebrações do Dia Internacional da Criança Africana e da passagem de mais um aniversário do massacre de Mueda, levado a cabo pelas autoridades coloniais em 1960.

Uma das exigências da RENAMO satisfeita
Discursando no comício, o Chefe de Estado disse que para evitar a continuação da guerra e de mortes aceita a exigência da RENAMO para a presença de mediadores no diálogo entre as lideranças do Governo e da RENAMO.

“Para evitar que haja moçambicanos que morram, adultos ou não, guerrilheiros ou não, eu vou aceitar que haja esse tipo de pessoas para podermos falar, mas o importante é para falarmos, terminar com a guerra e desenvolvermos Moçambique”.

A questão da mediação está na origem do impasse que se regista nos trabalhos da Comissão Mista encarregue de preparar o frente a frente entre o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO Afonso Dhlakama.

Nyusi acusa a RENAMO de ter colocado esta exigência apenas quando as partes alcançaram o acordo em relação a agenda do diálogo ao mais alto nível.

“Queremos perceber quem são essas pessoas e como é que vêm. Em relação a isso vamos combinar. Se for preciso eu falar antecipadamente com o Presidente da RENAMO, o Dhlakama, hei-de falar para saber quem são as pessoas. Mas se for preciso para falar que estejam pessoas intermediárias nós vamos aceitar para que não morram crianças”.A RENAMO tem proposto para mediarem o conflito o Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, a União Europeia e a Igreja Católica.

"Não vamos permitir que Moçambique fique bloqueado"

O Presidente Filipe Nyusi disse que o Estado podia fazer aquilo que achasse em defesa dos moçambicanos mas esta não é a sua intenção.

“A intenção do vosso Presidente”, afirmou, “é vivermos juntos, falarmos e desenvolver Moçambique, por esta razão não vamos permitir que Moçambique fique bloqueado”- acrescentou.

Recorde-se, que uma Comissão Mista entre o Governo e a RENAMO encarregue de preparar o diálogo entre o Presidente Nyusi e Afonso Dhlakama, líder do maior partido da oposição, realizou a sua última sessão na passada quarta-feira (08.06.) depois de ter alcançado um acordo em relação a agenda do frente a frente ao alto nível.

Esta agenda é composta por quatro pontos, nomeadamente do lado da RENAMO propôs a governação das seis provincias onde afirma ter ganho as eleições e a situação das Forças de Defesa e Segurança, enquanto o Governo propôs a cessação imediata dos ataques da RENAMO às populações e o desarmamento daquele partido.

Agravamento dos confrontos nas últimas semanas

Moçambique tem conhecido um agravamento dos confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), além de acusações mútuas de raptos e assassínios de militantes dos dois lados.A polícia moçambicana responsabiliza a RENAMO por emboscadas a viaturas civis em vários troços da principal estrada do país, na região centro.

[No title]

Kombibild Renamo, Zuma und Nyusi
Presidente da África do Sul, Jacob Zuma (centro), um dos mediadores propostos pela RENAMOFoto: DW/M. Mueia / Reuters/N. Bothma / Getty Images/AFP/G. Guercia
Mosambik Maputo Präsident Filipe Nyusi (R) und Oppositionsführer Afonso Dhlakama
Encontro em Maputo entre Dhlakama (esq.) e Nyusi (25.02.2015)Foto: Getty Images/AFP/S. Costa
Saltar a secção Mais sobre este tema