Presidente pede rapidez no apuramento sobre ataque a quartel
1 de janeiro de 2023"Foi com grande surpresa e espanto que o país acordou, naquela fatídica madrugada, com o assalto ao quartel das Forças Armadas, numa clara tentativa de subversão da ordem pública. Os atos que ali tiveram lugar devem envergonhar-nos a todos enquanto nação e ser motivo da nossa mais profunda condenação, consternação e repulsa", disse o Presidente da República de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, na sua mensagem de final de ano à nação.
O chefe de Estado reiterou a sua "veemente condenação" aos acontecimentos, quando quatro civis assaltaram o quartel e, posteriormente, três dos alegados assaltantes e um homem supostamente identificado como mandante foram alvos de maus-tratos e morreram quando se encontravam sob custódia militar.
O ataque foi classificado pelas autoridades são-tomenses como uma tentativa de golpe de Estado e condenado pela comunidade internacional. No seu discurso, o Presidente salientou a necessidade de "destrinçar dois distintos atos" daquele dia, "para que a verdade não seja escamoteada".
"Mandantes"
"Um momento é o ato de assalto ao quartel: importa que se saiba quem foram os eventuais mandantes e todos aqueles que nele estiveram direta ou indiretamente implicados; um outro momento é o das mortes que tiveram lugar nas instalações do Quartel do Morro: a sociedade precisa igualmente de conhecer os implicados, que deverão prestar contas com a justiça", referiu.
"Diante da compreensível expectativa da sociedade no sentido de se apurar a verdade dos factos, venho mais uma vez apelar a todos os intervenientes neste processo à maior celeridade que a complexidade do dossiê permita para que os prevaricadores sejam identificados e presentes à justiça", sublinhou Vila Nova.
O chefe de Estado felicitou o Governo de Patrice Trovoada por ter pedido a cooperação das autoridades portuguesas, através da Polícia Judiciária e do Instituto de Medicina Legal, nas investigações, e transmitiu a Portugal o "penhorado reconhecimento pela prontidão" com que respondeu a este pedido.
"À política o que é da política"
"Deixando à justiça o que é da justiça e à política o que é da política (...), não pouparei esforços e espero contar com a colaboração de todos para que a verdade seja conhecida e a justiça seja feita", declarou.
"Quero, de forma solene, reiterar os compromissos de, no exercício desta magistratura suprema, tudo fazer, livre de quaisquer pressões políticas, para que São Tomé e Príncipe seja bem-sucedido nos ingentes desafios com que se confronta, nomeadamente no fortalecimento da democracia e na criação das bases para um crescimento económico inclusivo e propiciador da redução das desigualdades sociais", afirmou.
Vila Nova referiu-se também à "necessidade premente de se aumentar o nível de coesão social no seio do povo, diminuindo as tensões de ordem política que os últimos tempos tende por vezes a instalar o ódio entre são-tomenses".
Infraestruturas
"Aguarda-se com expectativa que se ultrapassem de uma vez por todas as barreiras de ordem infraestrutural que dificultam a aproximação das ilhas, como é o caso das fracas capacidades de ligações marítimas e até aéreas" entre as ilhas de São Tomé e do Príncipe.
Carlos Vila Nova acentuou a necessidade de o Estado responder ao "surgimento ou agudização de alguns fenómenos sociais", como o "aumento da cultura de violência, nomeadamente contra idosos, mulheres e crianças", e à "fraca qualidade do sistema de ensino", que, disse, poderá "comprometer o futuro coletivo".
O ano passado foi marcado pelas eleições legislativas, autárquicas e regional, tendo o Presidente manifestado "regozijo e orgulho" pela forma como decorreram, referindo que o novo executivo deve enfrentar "os diversos problemas",nomeadamente "a deplorável situação económico-financeira e a crise energética".