Professores boicotam exames finais em Moçambique
2 de dezembro de 2024Cerca de mil professores filiados na Associação Nacional dos Professores (ANAPRO) recusaram-se a entrar nas salas de aula, na província de Inhambane, para controlar os exames finais das 10.ª e 12.ª classes, que começaram esta segunda-feira (02.12) em todo o país.
Osvaldo Rungo, secretário provincial da ANAPRO, explicou à DW que os professores têm várias preocupações, mas o não pagamento das horas extraordinárias há cerca de três anos deixa a classe "sem moral" para estar na sala a vigiar os exames. Por isso, fizeram greve, considerando que o Governo tem feito "promessas falsas".
Marcelina Jossai, professora no distrito de Massinga, diz que o Estado lhe deve a ela e aos colegas o pagamento de horas extras referentes a 2023 e 2024. Mas, de acordo com a docente, o Governo tem apresentado sempre várias desculpas para não pagar as horas extraordinárias.
"Dizem que não têm fundos ou que [não é possível fazer o] processamento do pagamento. Em suma, dizem que estão a trabalhar no assunto desde 2023", denunciou Jossai.
Gervásio Lázaro, outro professor que aderiu à greve, lembra que esse esse dinheiro faz falta. "Sim, porque trabalhamos e nos ficam a dever. Significa que trabalhei para nada", lamenta.
"Para nós, a situação está complicada. Não sabemos o que está a acontecer. Já se ouviu tantas vezes o grito de socorro", acrescenta.
Promessas do Governo
De acordo com dados da ANAPRO, citados pela agência noticiosa Lusa, os professores também se recusaram a vigiar os exames em 11 escolas na província de Maputo e uma na capital do país.
Quando falava aos jornalistas esta segunda-feira, o vice-ministro da Educação Manuel Banzo, reconheceu o problema da falta de pagamento das horas extras e garantiu soluções para breve.
"O Governo está a envidar esforços para o pagamento dessas horas", assegurou. "Nós iríamos pedir um pouco de paciência, porque o Governo vai resolver este problema, e isto não é uma promessa falsa."
Além deste, há outros problemas por resolver. Os professores exigem, por exemplo, que sejam "melhor enquadrados" na Tabela Salarial Única.
Osvaldo Rungo, secretário provincial da ANAPRO em Inhambane, refere ainda outra situação que se arrasta há muito tempo: "Temos também [falta de] condições do trabalho, entre outras reivindicações que constam no caderno reivindicativo", concluiu.