Professores de Moçambique voltam a sair à rua em protesto
29 de janeiro de 2024Em Maputo, cerca de 100 professores do ensino primário e secundário saíram à rua esta segunda-feira para exigir o pagamento de horas extraordinárias de 2022 a 2023, melhores condições de trabalho e a diminuição do número de alunos nas turmas. De forma pacífica e sem incidentes com a polícia, os professores protestaram igualmente contra a não promoção e progressão na carreira.
Às portas do início do ano letivo, marcado para 31 de janeiro, os professores na capital moçambicana cantaram, dançaram e vaiaram o Governo para exigir os seus direitos.
O presidente da Associação dos Professores Unidos (APU), Avatar Cuamba, destaca a luta contra a sobrelotação das turmas, que chegam a ter 100 alunos: "Entendemos nós, como professores, que se queremos que o país se torne num país, é importante que se olhe para a qualidade", afirma, acrescentando que não pode haver qualidade "com turmas acima de 50 alunos".
"Temos turmas com 100, 120, 150 alunos. É um grito que nós estamos a fazer para dizer não às turmas superlotadas", alerta.
Aulas sem salas
Com o apoio de alguns populares nas ruas, os professores empunhavam dísticos com diversas mensagens. Uma delas tem a ver com as salas de aula que funcionam em baixo das árvores.
"Temos salas-sombra, onde os nossos filhos e os professores que estamos aqui a marchar estão a dar aulas em condições não adequadas para a saúde", diz Avatar Cumba. "Temos crianças que estão a ter aulas ao relento e sentadas no chão e temos escolas com salas, mas sem carteiras o que incorre em possíveis problemas de saúde".
Cuamba acusa ainda o Governo de enganar a comunidade internacional sobre as percentagens positivas de aprovações: "Os números que estamos a ter que dizem ser positivos, não são positivos, porque são falsificados. Com 120 alunos, não é possível ter uma percentagem de 90%, 80% a que temos assistido", frisa.
Professores desmotivados
O presidente da Associação Nacional dos Professores (ANAPRO), Isac Marrengula, refere que, com a fraca qualidade de educação, o Governo "está a matar" a nação. "Não existe nenhuma nação no mundo que se ergueu sem educação", sublinha.
"Nós queremos ser o garante da continuidade da nação através da educação, mas uma educação com qualidade", ressalva Marrengula. "Se não, colocamos a nação numa situação de perigo, porque estamos a levar para a sala um professor desmotivado e fazer isso é querer que a educação continue a ser quantitativa e não qualitativa".
A marcha dos professores foi organizada pela Associação dos Professores Unidos (APU) e decorreu igualmente noutras cidades do país.