Queimadas em Moçambique colocam em risco a biodiversidade
9 de outubro de 2015As queimadas no Parque Nacional das Quirimbas (PNQ), no norte de Moçambique, não são algo novo. Os agricultores conhecem bem os seus perigos. Mas eles dizem que não têm outra alternativa - ou fazem as queimadas para limpar os terrenos agrícolas, ou não conseguem cultivar alimentos suficientes para a auto-subsistência.
O camponês Magido João reconhece que as queimadas empobrecem o solo, perturbam a vida e a sobrevivencia dos animais no parque: “sabemos que essa não é boa forma de explorar os recursos naturais. Acredito também que estamos a destruir a nossa riqueza e principal fonte de subsistência”.
Problema sério
A direção do Parque Nacional das Quirimbas esta preocupada porque cada vez há mais queimadas descontroladas. O parque ocupa uma área de 7.500 km2. E, segundo a administração, cerca de dez por cento dessa superfície já foi destruída - o equivalente a 112 campos de futebol.
A caça ilegal e a preparação desordenada dos campos agrícolas são as principais causas das queimadas, segundo Baldeu Arequichangue, o administrador do Parque. "Ao preparar as lavouras, os agricultores acabam provocando queimadas descontroladas que se alastraram para fora daquela área que eles queriam queimar. As queimadas começaram muito antes do previsto", explica Arequichangue.
O administrador diz ainda que, com o apoio do Governo, está em curso uma campanha de sensibilização para explicar à população os efeitos nefastos das queimadas descontroladas.
Entretanto, instalou-se um mal-estar no relacionamento entre as autoridades do Parque Nacional das Quirimbas e a comunidade ali residente. Os agricultores pedem que lhes sejam apresentadas alternativas viáveis às queimadas, que lhes possam garantir que têm alimentos para sobreviver.