RCA: Governo acusa Bozizé de tentativa de golpe de Estado
19 de dezembro de 2020O Governo da República Centro-Africana acusou, este sábado (19.12), o ex-Presidente François Bozizé de uma "tentativa de golpe de Estado" antes das eleições da próxima semana.
"François Bozizé encontra-se atualmente nos arredores da cidade de Bossembele (a 150 quilómetros a noroeste da capital) com a clara intenção de marchar com os seus homens sobre a cidade de Bangui", disse o porta-voz do Governo, Ange-Maxime Kazagui.
"Isto é claramente uma tentativa de golpe de Estado que o Governo tem quer denunciar neste período eleitoral", disse o porta-voz, referindo-se às eleições presidenciais e legislativas de 27 de dezembro.
Kazagui acusou as tropas de François Bozizé de terem "assassinado cobardemente três polícias", bem como um engenheiro militar, sem dar mais pormenores.
Também denunciou um "empreendimento suicida cujo único objetivo é questionar a decisão do Tribunal Constitucional", que recentemente invalidou a candidatura presidencial de Bozizé.
Rebeldes unem-se
Também este sábado (19.12), os líderes dos três principais grupos armados, que ocupam grande parte do território da República Centro-Africana, e conduzem uma ofensiva no norte e oeste do país, anunciaram a sua fusão e a criação de uma coligação.
Os grupos armados decidiram "combinar todos os nossos movimentos numa única entidade, chamada Coligação de Patriotas para a Mudança ou CPC, sob um comando unificado", escreveram os rebeldes na declaração. A CPC convidou "todos os outros grupos armados a juntarem-se" à coligação.
Instaram também os seus membros a "respeitar escrupulosamente a integridade da população civil" e a permitir a livre circulação de veículos pertencentes às Nações Unidas e a grupos humanitários.
Com a primeira volta das eleições presidenciais e legislativas está marcada para 27 de dezembro, a oposição receia fraudes maciças e esta coligação ameaça a capital Bangui com um bloqueio à distância.
A República Centro-Africana foi devastada pela guerra civil depois de uma coligação de grupos armados dominados por muçulmanos, a Séléka, ter derrubado o regime do Presidente François Bozizé em 2013.
Os confrontos entre a Séléka e milícias cristãs e animistas anti-Balaka provocaram milhares de mortos.