RDC: Um morto em protesto contra o Presidente
25 de fevereiro de 2018A polícia da República Democrática do Congo (RDC) matou, neste domingo, um homem de 30 anos que participava das marchas católicas contra o Presidente Joseph Kabila em Kinshasa, capital do país, segundo fontes hospitalares.
"Desde cedo recebemos três feridos ligados à marcha dos católicos. Dois foram gravemente feridos por armas de fogo. O terceiro, que foi baleado no peito, acabou de morrer", informou o médico François Kajingulu, diretor do hospital St. Josehp, localizado no centro da capital congolesa.
O irmão da vítima mortal afirmou à agência de notícias AFP que um agente da polícia efetuou o disparo contra o seu irmão próximo à paróquia de São Bento.
Manifestações espalhadas pelo país
Em várias cidades, as marchas foram dispersas pelas forças de segurança, que se desdobraram em grande número em frente a todas as igrejas católicas, relataram os correspondentes da AFP.
Em Kisangani, no nordeste do país, as forças de segurança dispersaram centena de pessoas e provocaram feridos. Os polícias usaram gás lacrimogéneo e munições reais, ferindo pelo menos duas pessoas após a realização de uma missa na catedral da cidade, de acordo com a AFP.
No distrito de Saint Pierre de Wagenia, a leste da cidade, três padres foram presos por liderar as marchas contra o Presidente, segundo informou a agência. Na cidade de Bukavu, qualquer tentativa de protesto foi sistematicamente dispersada com gás lacrimogéneo.
Estas marchas são organizadas pelo Comité de Coordenação de Leigos (CLC), um coletivo de intelectuais próximos da Igreja Católica, que pede ao Presidente Kabila para anunciar publicamente que não será candidato nas eleições agendadas para 23 dezembro. O mandato de Kabila terminou a 20 de dezembro de 2016, mas o Presidente recusa-se a deixar o poder, adiando sistematicamente as eleições.
"Zero mortes"
Em Kinshasa, onde as marchas foram proibidas, a polícia definiu o objetivo de "zero mortes" durante este terceiro protesto. As duas manifestações anteriores, que ocorreram a 31 de dezembro e a 21 de janeiro, causaram cerca de 15 mortos, de acordo com a Igreja.
A Human Rights Watch disse que recebeu relatórios de prisões e brutalidades por forças de segurança em todo o país. Tal como aconteceu em protestos anteriores, a internet, os dados móveis e as mensagens de telemóvel foram cortados em todo o país no início do domingo.
Na sexta-feira, a União Europeia, a Suíça e o Canadá reiteraram, numa declaração conjunta, "a importância do respeito pelas liberdades fundamentais, em particular a liberdade de manifestação e de culto".
O representante da polícia de Kinshasa, Sylvano Kasongo, não foi encontrado para comentar a atuação dos agentes de segurança.