Recenseamento está a poucos dias do fim ainda sem Dhlakama
6 de maio de 2014O recenseamento eleitoral em Moçambique termina no próximo dia 9 de maio. Porém, parte da região da Gorongosa (centro do país) ainda não conseguiu completar o processo. O recenseamento já foi prolongado duas vezes, por anuência do Conselho de Ministros.
Até agora, Afonso Dhlakama, líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o maior partido da oposição, ainda não se inscreveu nos cadernos eleitorais, alegadamente por causa da insegurança na região.
A DW África entrevistou o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Paulo Cuinica, sobre o tema.
DW África: As brigadas da CNE estão no terreno a supervisionar o recenseamento eleitoral?
Paulo Cuinica (PC): Sim, as brigadas estão no terreno, inclusivamente eu estou no terreno a supervisionar.
DW África: Também nas áreas de conflito?
PC: Nas áreas de conflito ainda não há supervisão porque o recenseamentro ainda não se iniciou nessa zona.
DW África: A três dias do fim do processo, o que está a impedir o início do recenseamento nessas localidades?
PC: Há aspetos que ainda estão a ser completados entre as duas partes, entre a RENAMO e o Governo de Moçambique.
DW África: Há brigadistas a recusarem-se a entrar no terreno?
PC: Não há brigadistas a recusarem-se, porque ainda não lhes foi permitido entrar.
DW África: No resto dos lugares, este prolongamento traz alguma mais-valia para o recenseamento, já que segundo a CNE, 80% do potencial de eleitores já está registado?
PC: O recenseamento continua a decorrer, há alguma afluência, baixou naturalmente, mas continua a decorrer…
DW África: Há um custo adicional no prolongamento do processo. Este valor é pago por quem?
PC: Vem dos cofres do Estado. O Estado financia as eleições na totalidade.
DW África: Em termos logísticos, está a correr tudo como previsto?
PC: Sim, as dificuldades do início foram sendo ultrapassadas. As chuvas que caíam um pouco por todo o país… As chuvas abrandaram, portanto as linhas de logística estão restabelecidas e agora o processo flui normalmente.
DW África: Em que medida a situação de tensão na região da Gorongosa, que só este fim de semana fez vários feridos, afeta o trabalho da CNE?
PC: Afeta na medida em que nós estamos à espera de que as brigadas que foram criadas para trabalhar naquela zona entrem para o terreno. Ficámos com esperança quando vimos a tensão politico-militar a abrandar… Temos também que transferir aquelas pessoas que percorreram longas distâncias para se recensear, porque neste momento, de facto, já não há muita gente para se recensear no distrito da Gorongosa, tendo em conta os dados que nós temos. Mas há que permitir que as pessoas que se recensearam longe das suas residências o possam fazer perto de casa, uma vez que terão de votar no dia das eleições.
DW África: Há a possibilidade da CNE fazer um recenseamento exclusivo para Afonso Dhlakama dada a situação atual?
PC: Ele deve recensear-se até ao dia 9. Depois disso, a CNE não pode estender o processo. Quem tem a competência para alargar o período das inscrições é o Conselho de Ministros.