Refugiados africanos geram polémica em Israel
29 de maio de 2012Cada vez mais pessoas da África procuram refúgio em Israel, mas círculos do governo em Jerusalém rejeitam conceder a essas pessoas direito de permanência. Israel também nem sempre reconhece as pessoas vindas do Sudão, da Eritreia ou da Somália, como exilados segundo a convenção dos Refugiados das Nações Unidas. O repórter da DW África diz ter observado, que essa resistência visa evitar que a "característica judaica" do Estado não seja - por assim dizer - "prejudicada" pelos imigrantes, que povoam as ruas das cidades israelitas e por vezes dormem nas ruas.
Políticos conservadores e reacionários manifestam-se contra os refugiados
O repórter DW África, Thorsten Teichmann, fez um relato sobre uma manifestação, que teve lugar nas últimas semanas, no sul de Tel Aviv, e na qual cerca de cem pessoas exigiam, aos gritos, que requerentes a asilo e imigrantes africanos fossem deportados. A polícia chegou a prender alguns dos manifestantes.
Miri Regev, parlamentar do Likud, o partido conservador de direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, participou nessa manifestação e disse que os sudaneses são como um "câncro na sociedade israelita".
A polêmica discussão tem como foco 60 mil pessoas vindas de vários países africanos, da região do Corno de África e que chegaram a Israel, atravessando a Península do Sinai pela fronteira entre Israel e o Egito – com frequência e com ajuda de redes de tráfico de pessoas.
Ministro diz que refugiados têm motivos económicos
Eli Yischai, ministro israelita do Interior e membro do partido religioso ultra-ortodoxo Shas, é de opinião que a maioria dos imigrantes não veio a Israel por motivos políticos, mas sim económicos e disse mesmo, no parlamento, que, se tivesse meios, em um ano faria com que não houvesse mais imigrantes africanos em Israel: “Com a ajuda de Deus, vamos conservar a identidade judaica do Estado de Israel e o sonho sionista", salientou.
O ministro do Interior Eli Yischai ainda afirmou que a maior parte da população israelita pensa como ele – e que grande parte da população tem medo porque "percentagem considerável dos casos de crimes graves como estupros ou roubos envolve imigrantes".
Governantes ultra-conservadores acusados de "caça às bruxas"
Durante uma visita de Eli Yischai ao sul de Tel Aviv, a reportagem da DW África presenciou uma mulher perguntando ao ministro se esse tipo de postura não seria uma espécie de "caça às bruxas". Ao que Yischai respondeu: "Sim, existe uma caça, realmente. A caça dos invasores contra cidadãos íntegros. E eu quero acabar com essa caça".
Governantes ultra-conservadores como o ministro do Interior, Eli Yishai, são acusados de colocarem lenha na fogueira. A organização humanitária israelita "Paz Agora" pediu até ao ministério púlbico que investigue se as posturas desses políticos não podem ser consideradas "atos de incitação à violência".
Autor: Thorsten Teichmann / Ivana Ebel
Edição: António Cascais / António Rocha