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Refugiados de regresso ao seu país, Angola, passam mal

8 de julho de 2011

Milhares de angolanos continuam a regressar a Angola ao abrigo de um plano governamental de repatriamento de cidadãos.

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Os refugiados em África enfrentam muitas dificuldades e por isso, com o termo dos conflitos armados, eles querem regressar o mais rápidamente possível aos seus países de origem.Foto: DW/Ute Schaeffer

As condições encontradas por esses refugiados angolanos de regresso ao seu país de origem não são as melhores, o que motivou severas críticas ao governo.

Por outro lado, há quem pense haver motivações politicas por detrás da iniciativa que visa levar a Angola 80 mil pessoas que por vários motivos, principalmente devido à guerra, fugiram do país.

A campanha de regresso de milhares de angolanos, que durante muitos anos habitaram nos países vizinhos, vai - segundo o governo - "de vento em popa".

80 mil refugiados no vizinho Congo Democrático prontos a regressar a Angola

Bürgerkrieg Angola 1993
A guerra em Angola obrigou milhares de pessoas a refugiarem-se nos países vizinhos, nomeadamente na República Democrática do Congo, na altura ZaireFoto: dpa

Segundo as autoridades angolanas cerca de 80 mil pessoas, refugiadas em vários países vizinhos, estão prontas a regressar a Angola.

As condições criadas nos arredores de Luanda e demais províncias oficialmente são consideradas satisfatórias.

Mas a realidade é mais difícil: em causa estão as condições de acolhimento, sendo muitos dos refugiados alojados em tendas montadas em terrenos baldios.

O sociólogo João Baptista Lukombo pediu às autoridades para não transformar o repatriamento num assunto eleitoralista.

Luanda inicia o processo sem contar com instituições experientes na àrea

Kalenderblatt Logo des Deutschen Caritasverbandes e.V. (Repro vom 19.2.1993)
Governo de Angola iniciou o processo de repatriamento dos refugiados sem contar com algumas instituições que têm experiência nesta área, como a Caritas.Foto: dpa

A diretora da Cáritas de Angola, Irmã Marlene, lamenta o facto do governo ter dado início ao processo de repatriamento sem contar com algumas instituições que têm experiência nesta área.

"Não fomos chamados para participar nesse processo e não me parece que haja de facto uma coordenação a nível das várias instituições como foi o caso do repatriamento de 2003 a 2006", nota a Irmã Marlene que naquela campanha de repatriamento trabalhou com a Cáritas e os serviços Jesuitas de Refugiados.

O sociólogo Lukombo apresenta o que considera serem erros que podem ser evitados no processo de repatriamento dos angolanos. Lamenta que estejam a ser feitos "trabalhos de partidarização" nos locais de concentração de refugiados angolanos. E sublinha que "devido a dificuldades de identificação a própria embaixada de Angola na RDC enfrenta muitos problemas devido à inexistência de documentação produzida pelas próprias autoridades angolanas". Para ele a ausência dessa documentação dificulta a identificação dessas pessoas.

RDCongo deve cooperar mais neste processo de repatriamento

No entanto, este processo já teve o seu primeiro revés. A operação de repatriamento voluntário e organizado de mais de 40 mil refugiados angolanos, radicados na República Democrática do Congo, cujo início havia sido anunciado para esta semana, foi adiado para data a definir.

Namibia Windhoek
Windhoek, capital da Namíbia, país que acolheu milhares de pessoas durante a guerra em AngolaFoto: RIA Novosti

As autoridades de Luanda, anunciaram que "as autoridades da RDCongo não enviaram um manifesto do número de pessoas a enviar para Angola" e "alegam continuidade de preparação de condições" para o repatriamento.

Dos campos de Nanguechy e Maykwayokua na Zâmbia estão a voltar a Angola milhares de compatriotas. Outros vêm do Botsuana, assim como dos dois Congos. Da Namíbia, para onde milhares de pessoas fugiram no tempo de guerra, no entanto pouco ou nada se fala.

Autor: Manuel Vieira (Luanda) / António Rocha
Edição: António Cascais