RENAMO anuncia fim do Acordo de Paz em Moçambique
21 de outubro de 2013A decisão da RENAMO de pôr termo, depois de 21 anos de paz, ao Acordo de Roma de 1992, foi anunciada depois de um ataque das forças governamentais contra a base da RENAMO na Gorongosa, província de Sofala.
“A atitude irresponsável do comandante e chefe das forças de segurança coloca um termo ao Acordo de Paz de Roma”, declarou o porta-voz da RENAMO, Fernando Mazanga, numa crítica direta ao Presidente Armando Guebuza.
"O objetivo da Frelimo e do seu presidente, Armando Guebuza, é assassinar o presidente Afonso Dhlakama, para subjugarem a vontade dos moçambicanos, pois ele jamais permitiria que os moçambicanos fiquem acorrentados na ideologia de partido único", acusou Fernando Mazanga referindo-se ao partido no poder, a FRELIMO.
Tomada da base de Dhlakama em Satunjira
O exército moçambicano anunciou que cercou e tomou a base dos antigos rebeldes, uma operação confirmada pela RENAMO. Segundo a RENAMO, o exército moçambicano tomou a residência de Afonso Dhlakama, obrigando-o a abandonar a casa. Dhlakama está agora em local desconhecido, mas de "boa saúde", acrescenta o porta-voz.
A antiga base rebelde é agora controlada pelos militares moçambicanos, informou também o Ministério da Defesa de Moçambique. O diretor nacional de Política de Defesa no Ministério da Defesa de Moçambique, Cristóvão Chume, disse que as forças governamentais posicionadas na zona da Gorongosa, "foram atacadas pelos guerrilheiros da RENAMO", pelo que houve uma resposta.
"No final da manhã, muito próximo das 12h00 [hora local], os guerrilheiros da RENAMO atacaram as nossas forças posicionadas na zona de Santunjira e, na sequência deste ato, as Forças de Defesa e Segurança contra-atacaram e os guerrilheiros da Renamo refugiaram-se no local onde se localizava o senhor Afonso Dhlakama", disse Cristóvão Chume.
RENAMO e Governo de Moçambique apelam para a calma
Apelando para a calma dos moçambicanos, Fernando Mazanga, o porta-voz da Renamo declarou que o líder do movimento ainda não "ordenou" uma resposta das suas forças à incursão do exército na base da RENAMO, tendo "autorizado" apenas a retirada da população que vive perto da residência.
No entanto, "não há baixas verificadas nas Forças de Defesa e Segurança, não houve baixas das populações que vivem naquela zona", afirmou Cristóvão Chume, que não confirmou "nenhuma baixa por parte deles", da RENAMO.
"Não conhecemos a localização do senhor Afonso Dhlakama porque quando as nossas forças iam em perseguição dos seus homens ele e os seus homens puseram-se em fuga", acrescentou Cristóvão Chume, que apelou "à calma, tranquilidade e serenidade em relação aos diversos pronunciamentos que podem seguir-se na sequência desta situação".