RENAMO confirma presença militar no sul de Moçambique
7 de janeiro de 2014Em Moçambique, homens armados alegadamente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) estão a confrontar-se com o exército no distrito de Homoíne, segundo avança a agência de notícias Lusa citando o coordenador de uma rádio local.
Berlaves Alexandre afirma que os confrontos tiveram início na madrugada desta terça-feira, em Pembe, a cerca de 45 quilómetros da sede distrital de Homoíne, na província de Inhambane, havendo já a indicação de feridos.
Até agora, os confrontos entre elementos da RENAMO e das forças de segurança estavam circunscritos à província central de Sofala, à exceção de incidentes de pequena escala registados a Norte, em Nampula.
Porta-voz da RENAMO
A DW África falou com o porta-voz da RENAMO, Fernando Mazanga, que confirma a presença de homens do maior partido da oposição em Inhambane, mas declina responsabilidades nos confrontos.
"O que eu posso confirmar é que temos lá os nossos seguranças, na província de Inhambane. Agora que tenham entrado em confrontação com a polícia, ainda não tenho essa informação", adiantou.
Missão pela Paz, de acordo com a RENAMO
Segundo Mazanga, os homens da RENAMO na zona Sul do país quiseram deslocar-se para o Centro, quando souberam que o líder Afonso Dhlakama estava a ser atacado por tropas do Governo.
"Tratam-se de desmobilizados de guerra, que foram retirados do Exército e que não chegaram a ser integrados. Quando souberam que o presidente Afonso Dhlakama estava a ser atacado, decidiram juntar-se a ele na Gorongosa", explicou Mazanga.
"Mas o presidente Afonso Dhlakama pediu para que não se concentrassem todos em Sofala, mas que deveriam dispersar-se também na região Sul, para desencorajar a ida de muitos militares do Sul para o Centro", acrescentou.
Fernando Mazanga garante que os homens da RENAMO apresentaram-se junto do povo de Homoíne e das autoridades locais, garantindo que estavam na região pela Paz.
"Eles informaram que só reagiriam se fossem atacados pela polícia", asseverou.
De acordo com o porta-voz do principal partido da oposição, a instalação dos homens da RENAMO em Homoíne aconteceu no dia 31 de dezembro. A resposta do Governo foi imediata e a 6 de janeiro militares do Exército e membros da Força de Intervenção Rápida foram destacados para o local.
Militares e RENAMO assustaram população
Adérito Caldeira, jornalista e diretor-geral adjunto do jornal A Verdade, parceiro da DW, refere que tais movimentações assustaram a população que acabou por fugir para outras zonas da província.
"No distrito de Homoíne, o que está a acontecer é que muitos cidadãos que eram residentes nas localidades circundantes começaram a procurar refúgio em Homoíne há alguns dias, alegadamente pela presença de homens da RENAMO na região", justifica.
Adérito Caldeira confirma ainda que há a indicação de que houve troca de tiros em Homoíne, embora sem a garantia de que sejam da autoria da RENAMO.
"A polícia diz que foi um confronto com ladrões de gado. Mas tendo em conta o relato das populações e a presença de forças paramilitares, há a sensação de que poderá ter havido um confronto entre as forças do Governo e homens da RENAMO", salienta.
Adérito Caldeira frisa que poderão também ser homens sem ligações políticas, apenas com o intuito de desestabilizar a região. De qualquer das formas, Fernando Mazanga defende que Afonso Dhlakama continua a controlar os seus homens.