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RENAMO confirma presença militar no sul de Moçambique

Nuno de Noronha7 de janeiro de 2014

Imprensa local fala em ataques da RENAMO em Homoíne, província de Inhambane, mas fonte do partido nega confrontos. População local está assustada e começou a fugir para outras zonas da província do sul do país.

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Homens da RENAMO recebem treino militar em 2012 na Gorongosa, Centro de MoçambiqueFoto: Jinty Jackson/AFP/Getty Images

Em Moçambique, homens armados alegadamente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) estão a confrontar-se com o exército no distrito de Homoíne, segundo avança a agência de notícias Lusa citando o coordenador de uma rádio local.

Berlaves Alexandre afirma que os confrontos tiveram início na madrugada desta terça-feira, em Pembe, a cerca de 45 quilómetros da sede distrital de Homoíne, na província de Inhambane, havendo já a indicação de feridos.

Até agora, os confrontos entre elementos da RENAMO e das forças de segurança estavam circunscritos à província central de Sofala, à exceção de incidentes de pequena escala registados a Norte, em Nampula.

Mosambik Führer der Oppositionspartei RENAMO Afonso Dhlakama 2013
Afonso Dhlakama ordenou aos seus homens do Sul que se mantivessem em Inhambane, para desencorajar a concentração de militares no Centro do paísFoto: Jinty Jackson/AFP/Getty Images

Porta-voz da RENAMO

A DW África falou com o porta-voz da RENAMO, Fernando Mazanga, que confirma a presença de homens do maior partido da oposição em Inhambane, mas declina responsabilidades nos confrontos.

"O que eu posso confirmar é que temos lá os nossos seguranças, na província de Inhambane. Agora que tenham entrado em confrontação com a polícia, ainda não tenho essa informação", adiantou.

Missão pela Paz, de acordo com a RENAMO

Segundo Mazanga, os homens da RENAMO na zona Sul do país quiseram deslocar-se para o Centro, quando souberam que o líder Afonso Dhlakama estava a ser atacado por tropas do Governo.

"Tratam-se de desmobilizados de guerra, que foram retirados do Exército e que não chegaram a ser integrados. Quando souberam que o presidente Afonso Dhlakama estava a ser atacado, decidiram juntar-se a ele na Gorongosa", explicou Mazanga.

"Mas o presidente Afonso Dhlakama pediu para que não se concentrassem todos em Sofala, mas que deveriam dispersar-se também na região Sul, para desencorajar a ida de muitos militares do Sul para o Centro", acrescentou.

Fernando Mazanga garante que os homens da RENAMO apresentaram-se junto do povo de Homoíne e das autoridades locais, garantindo que estavam na região pela Paz.

RENAMO confirma presença militar no sul de Moçambique, mas desmente ataques

"Eles informaram que só reagiriam se fossem atacados pela polícia", asseverou.

De acordo com o porta-voz do principal partido da oposição, a instalação dos homens da RENAMO em Homoíne aconteceu no dia 31 de dezembro. A resposta do Governo foi imediata e a 6 de janeiro militares do Exército e membros da Força de Intervenção Rápida foram destacados para o local.

Militares e RENAMO assustaram população

Adérito Caldeira, jornalista e diretor-geral adjunto do jornal A Verdade, parceiro da DW, refere que tais movimentações assustaram a população que acabou por fugir para outras zonas da província.

"No distrito de Homoíne, o que está a acontecer é que muitos cidadãos que eram residentes nas localidades circundantes começaram a procurar refúgio em Homoíne há alguns dias, alegadamente pela presença de homens da RENAMO na região", justifica.

Adérito Caldeira confirma ainda que há a indicação de que houve troca de tiros em Homoíne, embora sem a garantia de que sejam da autoria da RENAMO.

Inhambane Mosambik
A população do distrito de Homoíne, em Inhambane, dispersou-se por várias localidades da região com medo de eventuais confrontosFoto: Wikipedia Andrew Moir

"A polícia diz que foi um confronto com ladrões de gado. Mas tendo em conta o relato das populações e a presença de forças paramilitares, há a sensação de que poderá ter havido um confronto entre as forças do Governo e homens da RENAMO", salienta.

Adérito Caldeira frisa que poderão também ser homens sem ligações políticas, apenas com o intuito de desestabilizar a região. De qualquer das formas, Fernando Mazanga defende que Afonso Dhlakama continua a controlar os seus homens.

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