RENAMO quer separar pensões do fecho da última base
24 de abril de 2023"Mais de 4.000 combatentes foram desmobilizados há pouco mais de um ano e ainda aguardam pelas suas pensões", sublinhou esta segunda-feira (24.04) o porta-voz da RENAMO, José Manteigas.
"Recentemente, o Governo aprovou a lei que fixa as pensões, mas tem um senão: estabelece que só serão fixadas com o encerramento da última base. Só que esse não é o entendimento que foi colocado na mesa entre as partes”, sublinhou.
A expectativa "era que, à medida que fossem desmobilizados, os combatentes estivessem a receber as suas pensões e isso não está a acontecer”, apontou.
Mirko Manzoni, diplomata suíço, representante do secretário-geral das Nações Unidas no processo de paz moçambicano, disse no início do mês que a última base da RENAMO poderia ser encerrada ainda este mês, mas hoje Manteigas rejeitou o prazo, considerando que é preciso atender ao dossiê das pensões.
"Este anúncio do embaixador Mirko Manzoni foi unilateral e a RENAMO não se revê nisto, porque temos estas questões para resolver”, referiu.
"As pessoas precisam das pensões"
Manteigas disse que "os últimos combatentes", que ocupam a única base por encerrar – na serra da Gorongosa, centro do país -, "também ficam bastante céticos", com a possibilidade de serem "desmobilizados e deixados à sua sorte como os outros combatentes”.
"Isto de certo modo cria um ambiente de insatisfação e não é isso que queremos”, acrescentou.
"As pessoas precisam das pensões” e "não faz sentido que esta situação permaneça”, referiu Manteigas, realçando que o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) - que decorre dos Acordos de Paz assinados em 2019 - já está na fase final e que 90% dos 5.200 antigos guerrilheiros já entregaram as armas.
Segundo o porta-voz da RENAMO, o presidente do partido, Ossufo Momade, e o Presidente da República, Filipe Nyusi, mantêm o diálogo e "nesse ambiente, poderão fazer uma abordagem” sobre o assunto.
Mirko Manzoni, disse hoje que "o grupo de trabalho das pensões tem estado reunido, a trabalhar”, sendo que "a RENAMO está bem representada” e "o texto do decreto não está a ser discutido no grupo de trabalho, uma vez que é compreendido por todos”.
"A Comissão de Assuntos Militares também está a trabalhar com o decreto e a fazer planos para quando o DDR estiver concluído”, acrescentou, em esclarecimentos escritos.
"Estamos prontos e à espera da 'luz verde' da Renamo para fechar a última base", sublinhou Manzoni, realçando que "o Governo aprovou as pensões".
"O grande ponto pelo qual eles [RENAMO] se tinham batido eram as pensões e é histórico que tenha sido aprovado. Acreditamos que os combatentes no terreno, depois de terem passado anos à espera, no mato, querem desmobilizar-se e merecem-no”, concluiu.