RENAMO questiona apoio da União Europeia ao Ruanda
12 de dezembro de 2022A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) questionou esta segunda-feira (12.12) oapoio da União Europeia(UE) ao Ruanda e considerou que a paz e soberania de Moçambique estão "totalmente ameaçadas" devido à violência armada no norte do país.
"Mais do que nunca, a nossa paz e soberania estão totalmente ameaçadas pelos horrores do terrorismo na zona norte", disse Ossufo Momade, presidente do partido, durante a quarta sessão ordinária do Conselho Nacional da RENAMO, em Maputo.
Para Ossufo Momade, os ataques armados em Cabo Delgado tornam Moçambique num país "permanentemente inseguro" e "longe de alcançar a sua independência económica", referindo que a violência ocorre "justamente onde existe o maior projeto de exploração de recursos naturais".
A RENAMO questionou o "apoio milionário" dado pela União Europeia (UE) ao Ruanda para apoiar as tropas moçambicanas em Cabo Delgado, considerando tratar-se de uma das evidências de que a soberania moçambicana está "severamente ameaçada".
O Conselho Europeu disponibilizou uma verba de 20 milhões de euros para a força ruandesa deslocada em Moçambique.
Ossufo Momade questionou "legitimidade" do Ruanda em receber "apoio em nome dos moçambicanos", referindo que a situação é o "cúmulo da captura e alienação do Estado" moçambicano.
"Literalmente, para a tristeza de todos nós, o país está vendido", frisou o presidente do maior partido da oposição moçambicana.
Acordo de paz
O presidente do maior partido da oposição denunciou ainda um "incumprimento sistemático do acordo de paz pelo Governo" moçambicano.
Os guerrilheiros já desmobilizados na sequência do acordo de 2019 "continuam a aguardar pela fixação das pensões", uma questão que tem sido frequentemente levantada pelo partido, disse Ossufo Momade.
"Mais uma vez exigimos do Governo, na pessoa do Presidente da República, o cumprimento do Acordo de Maputo, que assinou com o seu próprio punho", disse Momade. "Como sinal inequívoco do nosso compromisso, já desmobilizámos 4.001 dos 5.254 combatentes, o que corresponde a cerca de 80%" do previsto, acrescentou.
Segundo Momade, do total de desmobilizados, 46 foram enquadrados na Polícia da República de Moçambique (PRM) e foi submetida ao Governo outra lista de 100 oficiais a integrar as Forças de Defesa e Segurança do país.