Resultados em Cabinda das eleições de 2012 "não refletem vontade popular"
5 de setembro de 2012De acordo com dados da Comissão Nacional Eleitoral, CNE, em Cabinda foram contabilizados 121.108 votos, sendo 96,22% válidos, para um total de 496 mesas escrutinadas desde domingo. Com base nestes dados, a CNE divulgou que o MPLA, o partido no poder, obteve 59,40%, a UNITA 24,46% e a CASA-CE 13,92% entre as nove formações políticas concorrentes.
Mas, para o líder da bancada parlamentar da UNITA e ativista da sociedade civil no enclave, Raúl Danda, ainda se está longe dos resultados publicados pela CNE, porque não refletem a verdadeira votação feita pelos cabinda nem tão pouco a vontade popular da região.
"Houve falhas propositadas por parte da CNE”, explica Danda. “Falta de publicação dos cadernos eleitorais, que foi feita alguns dias antes das eleições, o que é grave. Usaram-se métodos como a internet e o telefone, quando estamos num país onde cerca das pessoas vivem em áreas rurais, são analfabetas e não têm acesso a essas tecnologias”, critica. "Esta confusão toda foi causada para o MPLA se manter no poder".
Falta de observadores contribuiu para irregularidades eleitorais
Segundo Raúl Danda, essas irregularidades tem várias explicações e uma delas é a ausência, durante o pleito eleitoral, de verdadeiros observadores que não conseguiram deslocar-se ao país, muitos deles porque as embaixadas de Angola não lhes concederam vistos.
“Veio só meia dúzia de pessoas completamente servis. Amigos deles da África do Sul, veio alguém de Cabo Verde. E eu pergunto, o que é que Pedro Pires veio aqui fazer se ele também ganhou as eleições no seu país graças a uma fraude, e com o dinheiro de Angola?”, afirma Raúl Danda.
Caça ao voto em Cabinda
Um outro ativista dos direitos humanos em Cabinda, Francisco Luemba, aponta as desigualdades existentes nas eleições “tanto na sua preparação, como na sua execução e mesmo no exercício do voto”. Além de desigualdades, este analista denuncia a existência de “caça ao voto de forma não só caricata, mas mesmo indigna para os envolvidos”.
Luemba considera que as eleições são necessárias e uma das exigências da democracia. Todavia, as eleições criam expetativas de mudança “impossíveis de obter nas condições atuais”.
Autor: António Rocha
Edição: Helena Ferro de Gouveia / Maria João Pinto