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Ruanda e Uganda acusados de apoiar rebeldes no Congo

18 de outubro de 2012

Um relatório recém-divulgado da Organização das Nações Unidas acusa ambos os países de apoiar e orientar os rebeldes do M23 no leste da República Democrática do Congo.

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Situação no leste da República Democrática do Congo continua tensa, devido às atividades de milícias como o M23
Situação no leste da República Democrática do Congo continua tensa, devido às atividades de milícias como o M23Foto: Reuters

Perante a fraqueza do exército congolês, os rebeldes do M23 puderam ganhar terreno no Kivu Norte. O movimento afirma querer proteger a população nesta região e combate a milícia hutu FDLR, o arqui-inimigo do Ruanda em solo congolês.

Nas fileiras da FDLR também combatem soldados acusados de participação no genocídio ruandês de 1994, de modo que a suspeita de que o governo de Kigali apoie o M23 não é nova.

Soldado do exército congolês numa cidade no leste do Congo
Soldado do exército congolês numa cidade no leste do CongoFoto: Reuters

Já em junho passado, um grupo de especialistas das Nações Unidas apresentara provas concludentes para o envolvimento do Ruanda. A comunidade internacional reagiu com sanções contra Kigali, que, até hoje, se proclama inocente.

Tráfico lucrativo de matérias-primas

Mas os interesses dos países vizinhos são evidentes. O Ruanda e o Uganda lucram com o tráfico ilegal de matérias-primas ruandesas, incluindo ouro, diamantes e minérios como o coltan, muito procurado pelos produtores de telemóveis e computadores.

"O Ruanda e o Uganda ganham diretamente com a instabilidade no Kivu Norte”, comenta Marc-André Lagrange, da organização não-governamental International Crisis Group.

Ruanda e Congo estão interessados em matérias-primas como o coltan
Ruanda e Congo estão interessados em matérias-primas como o coltanFoto: BGR Hannover

“Há várias iniciativas para uma regulamentação da comercialização de matérias-primas. Trata-se de esforços para garantir a exportação isenta de conflitos. Quando deixar de haver conflitos nesta região, o Congo poderá passar a exportar em grande estilo, com consequências nefastas para o Ruanda e, em menor medida, o Uganda", diz.

“Não há provas”

A agência de notícias Reuters acaba de publicar excertos de um novo relatório das Nações Unidas, que reforçam as acusações levantadas contra o Ruanda sobre um apoio ao M23. Além disso, os especialistas da ONU consideram que a rebelião é comandada diretamente por Kigali.

Segundo Ahmed Rajab do Instituto de Estudos Estratégicos Panafricanos em Londres, o relatório levanta acusações graves. Mas não apresenta provas, diz: “Se estas acusações começarem a circular, as pessoas vão pensar que se trata de factos."

Uganda também envolvido

Conflitos no leste da República Democrática do Congo já levaram à fuga de milhares de pessoas
Conflitos no leste da República Democrática do Congo já levaram à fuga de milhares de pessoasFoto: Reuters

O relatório também fala de um apoio do Uganda e diz que os dois países forneceram regularmente armas ao M23. Além disso, tropas governamentais ruandesas terão participado num ataque contra capacetes azuis da ONU no Congo, no qual morreram várias pessoas.

O Uganda reagiu com indignação a estas acusações. O Ministro dos Assuntos Internos, Henry Oryem Okello, considerou o relatório "lixo", e acusou, por sua vez, a ONU, de sabotar os esforços de paz envidados pelo seu país.

Nos últimos meses, os países vizinhos reunidos sob a égide do Presidente ugandês, Yovero Museven, tentaram, em vão, encontrar uma solução para o conflito no leste da República Democrática do Congo.

Jason Stearns, do Instituto Rift Valley, investiga os grupos armados no leste do Congo. Na sua opinião, os esforços envidados pelo Uganda carecem de credibilidade.

Stearns refere que os rebeldes e os países que os apoiam são os “principais responsáveis” pela instabilidade no Leste do Congo. Mas parte das responsabilidades caberá também ao governo de Kinshasa.

“O relatório também salienta a corrupção e o nepotismo extremos no estado e no exército congoleses, que muitas vezes levam os funcionários congoleses a colaborar com os próprios inimigos", disse Stearns.

Autor: Philipp Sandner / Cristina Krippahl
Edição: Guilherme Correia da Silva / António Rocha

18.10 Congo M23 - MP3-Mono

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