Seis mortos num ataque a base aérea na Guiné-Bissau
21 de outubro de 2012Seis pessoas morreram em Bissau neste domingo (21.10.) durante um ataque falhado à Base Aérea de Bissalanca, que abriga uma unidade de elite da Força Aérea guineense conhecida como "Boinas Vermelhas" e a parte de leão do armamento militar da Guiné-Bissau.
De acordo com a agência noticiosa francesa AFP, o comando que realizou o ataque à base da Força Aérea de Bra, a cerca de sete quilómetros de Bissau, era liderado pelo capitão Pansau N’Tchama, ele próprio membro dessa tropa de elite. Pansau N’Tchama que se encontrava na Guiné-Bissau há apenas uma semana, regressado de Portugal onde se encontrava desde Julho de 2009, é o homem que chefiou o grupo de militares responsáveis pelo assassinato, Março de 2009, do então Presidente da República João Bernardo ("Nino") Vieira.
Comando em fuga
A troca de tiros em redor desta base ocorreu cerca das 4 horas da madrugada e terá durado aproximadamente uma hora. Desta troca de tiros de armas automáticas do tipo "Kalashnikov" resultaram sete mortos, cinco pertencentes ao comando assaltante e uma sentinela da base militar, que terá sido morta, segundo a AFP, pelo próprio o capitão Pansau N’Tchama. O capitão N’Tchama e o resto do comando, cuja dimensão é desconhecida, estão em fuga e são procurados pelo militares.
A situação na capital guineense está calma neste momento e os militares instalaram checkpoints para controlar todas as viaturas que pretendam deixar a capital guineense.
Motivações para o ataque ainda desconhecidas
Embora ainda não sejam conhecidas as razões que levaram a este ataque - Pansau N’Tchama era um homem próximo dos militares do golpe de 12 de Abril de 2012 contra o governo democraticamente eleito do então primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior – uma fonte militar guineense ouvida pela DW África afirma que por detrás da violência poderá "estar descontentamento quanto à promoção de certos militares em detrimento de outros ou mesmo uma tentativa de eliminação física de António Indjai [o actual Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas]".
Ao final da noite de domingo (21.10) o governo de transição da Guiné-Bissau divulgou um comunicado, lido pelo ministro da Comunicação, Fernando Vaz, onde acusa Portugal de ter apoiado o golpe falhado. "O Governo considera Portugal, a CPLP e Carlos Gomes Júnior como os promotores desta tentativa de desestabilização cuja estratégia era derrubar o governo".
Recorde-se que a Guiné-Bissau atravessa um período de incerteza e isolamento internacional na sequência do Golpe de Estado de 12 de Abril, que veio interromper o processo eleitoral em curso. Esse golpe depôs o primeiro-ministro e candidato presidencial, Carlos Gomes Júnior, e o Presidente interino, Raimundo Pereira.
No pós golpe, a Junta Militar nomeou Serifo Namadjo, um dissidente do principal partido guineense PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), como Presidente de transição da Guiné-Bissau e Rui Duarte de Barros como primeiro-ministro.
Não obstante as autoridades de transição serem reconhecidas pela Comunidade Económica de Países da África Ocidental (CEDEAO), o mesmo não acontece com a Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP).
Autora: Helena Ferro de Gouveia (com AFP/Reuters)
Edição: Johannes Beck