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Sociedade civil da Guiné-Bissau quer fim da transição para breve

20 de março de 2013

Treze organizações da sociedade civil da Guiné-Bissau querem marcar eleições gerais já este mês. As organizações acusam o Governo de transição de se estar a agarrar ao poder e não querer organizar o escrutínio.

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As autoridades de transição da Guiné-Bissau: (da esq. para a dir.) Presidente do Parlamento, Sory Djaló, Presidente da República, Serifo Nhamadjo, e primeiro-ministro Rui de Barros
As autoridades de transição da Guiné-Bissau: (da esq. para a dir.) Presidente do Parlamento, Sory Djaló, Presidente da República, Serifo Nhamadjo, e primeiro-ministro Rui de BarrosFoto: DW

As autoridades de transição da Guiné-Bissau estão a adiar as eleições gerais no país de forma "deliberada", para se manterem no poder, criticam treze organizações da sociedade civil guineense.

Casa dos Direitos, em Bissau
Casa dos Direitos, em BissauFoto: DW/Ferro de Gouveia

As organizações sugeriram esta terça-feira (19.03.2013) um calendário para o período de transição na Guiné-Bissau, que prevê a marcação de eleições até ao fim de março e ainda a realização do escrutínio em novembro. Segundo a sociedade civil, o atual Governo de transição está a agir fora do seu âmbito de competência.

"A transição em curso não deve ser considerada como um processo que visa resolver todos os problemas de instabilidade política na Guiné-Bissau", disse Cadija Mané, coordenadora da Casa dos Direitos de Bissau, que apresentou o calendário numa conferência de imprensa na capital, Bissau.

"Qualquer transição não passa de um programa de emergência e de execução imediata, mas os problemas que estão a ser equacionados pelos órgãos de transição são estruturais – nomeadamente, a revisão constitucional, as eleições autárquicas ou, por exemplo, as reformas no aparelho do Estado." Segundo Mané, estas são questões que deviam ser resolvidas não pelo Governo de transição, mas a "médio e longo prazo".

Parlamento da Guiné-Bissau
Parlamento da Guiné-BissauFoto: AFP/Getty Images

Recenseamento biométrico é desnecessário

O calendário sugere ainda que a cartografia do país esteja pronta até ao final de abril e que até maio se faça o recenseamento manual ou biométrico "conforme os meios disponíveis". O documento, lido por Cadija Mané, refere, no entanto, que "o recenseamento biométrico não constitui uma condição indispensável para a realização de eleições livres, justas e transparentes."

Até ao recenseamento, as organizações da sociedade civil aconselharam as autoridades a rever lei orgânica da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e a lei eleitoral.

ONU deve supervisionar eleições

Sociedade civil da Guiné-Bissau quer fim da transição para breve

As organizações disseram ainda que é preciso que as Nações Unidas organizem e supervisionem as eleições gerais, com a gestão técnica na CNE, para além de certificarem os resultados eleitorais, em colaboração com as autoridades nacionais.

"Esta possibilidade dever ser equacionada tendo em consideração o nível galopante da desconfiança existente entre os atores políticos, militares e sociais", afirmou Man.

No roteiro, a sociedade civil defende ainda a assinatura de um memorando pelos políticos e militares no qual todos declarem assumir e respeitar os resultados das eleições se as mesmas forem declaradas justas, democráticas e transparentes.

Já passaram mais de oito dos 12 meses previstos no mandato de transição.

Autor: Braima Darame (Bissau) / Lusa
Edição: Guilherme Correia da Silva / Helena Ferro de Gouveia

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