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STP aguarda resultados eleitorais em clima de tensão

12 de outubro de 2018

Resultados finais das eleições legislativas, autárquicas e regionais de 7 de outubro em São Tomé e Príncipe serão divulgados na segunda-feira. Perante distúrbios pós-eleitorais, polícia proíbe protestos em todo o país.

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Viatura de juíza que fazia o apuramento distrital em Água Grande foi incendiada nos distúrbios pós-eleitorais.Foto: DW/R. Graca

Face ao clima político tenso que se vive nas ilhas – com o partido no poder e a oposição a reclamarem vitória nas eleições - a Polícia Nacional proibiu qualquer tipo de manifestação em todo país nas próximas 72 horas, até à divulgação dos resultados finais pelo Tribunal Constitucional.

De acordo com o comunicado, todos os que desobedecerem a proibição serão "identificados e responsabilizados bem como todos aqueles que forem considerados como organizadores e instigadores das referidas manifestações e concentrações". 

A oposição em São Tomé e Príncipe já reagiu, acusando a Polícia Nacional de usurpar poderes do Presidente da República, ao "pretender impor o estado de sítio ou de emergência" no país e anunciou desobediência à proibição de manifestações. 

"A suspensão do exercício dos direitos, liberdade e garantias que se verifica durante o estado de sitio ou de emergência, e que a a Polícia Nacional está a pretender impor, só pode caber no âmbito das competências do Presidente da República e com as restrições impostas pela própria Constituição", disseram o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP-PSD) e a coligação PCD-UDD-MDFM, que reclamam ter vencido com maioria absoluta as eleições legislativas de domingo. 

Juíza acusada de fraude pede demissão

São Tomé e Príncipe vive uma calma aparente esta sexta-feira (12.10), depois dos distúrbios, no início da semana, que culminaram com o incêndio de uma viatura do Estado, adstrita à juíza Natacha Amado Vaz, a porta-voz da Comissão Eleitoral no distrito de Água Grande, um ato perpetrado alegadamente por jovens apoiantes dos partidos da oposição. Centenas de manifestantes contestaram, alguns de forma violenta, a verificação de votos nulos pela juíza e a Polícia de Estado interveio para dispersar a multidão.  A juíza da primeira instância, irmã da ministra da Justiça, pediu o seu afastamento, para eliminar as suspeitas de fraude eleitoral que recaem sobre si.

STP: Manifestações proibidas até à divulgação dos resultados eleitorais

"Eu sou testemunha de que há urnas cujos selos não condizem com os selos que estão na acta. Isto quer dizer o que está dentro da urna pode estar adulterado", diz Hamilton Vaz, mandatário dos partidos da oposição.

O jurista afirma ainda que houve uma intenção deliberada da magistrada de alterar os resultados a favor da Ação Democrática Independente (ADI). "Eleições são coisas sérias. Não pode haver manobras, truques, malabarismo, para se ganhar eleições no gabinete", sublinha.

"Marcha da paz" não sai à rua

Na sequência dos distúrbios de segunda-feira (08.10), a ADI, no poder, primeiro classificado nas eleições, desconvocou a "marcha pacífica pela paz" prevista para esta sexta-feira. O ambiente político é tenso. Jovens apoiantes da oposição continuam vigilantes nas imediações da Comissão Eleitoral Distrital de Água Grande, onde deverá terminar esta sexta-feira o apuramento dos votos.

Nas ruas da capital, dirigentes e altos funcionários do Estado deixaram de circular nas suas viaturas oficiais.

Patrice Trovoada (DW/Ramusel Graça)
Patrice Trovoada Foto: DW/R. Graça

Na quarta-feira, o primeiro-ministro cessante, Patrice Trovoada, cabeça de lista da ADI pelo círculo eleitoral de Lobata (zona norte de São Tomé), assumiu que formaria sozinho o próximo Governo. Agora, diz que está disposto a negociar: "Nada me impede de pensar teoricamente, que possa haver um Governo ADI e  MLSTP. Quem sabe?", avançou esta sexta-feira.

Já Delfim Neves, vice-presidente do PCD, a mais poderosa força da coligação PCD-MDFM-UDD, esclareceu que a coligação não tem interesse em formar Governo com o ADI, devido à sua postura nos últimos quatro anos: "Não se pode fechar a porta às negociações, mas, se quisermos falar claramente da governação, da nossa parte é fácil perceber que nos vamos entender com o MLSTP".

Entretanto, Eugénio da Graça, secretário-geral da coligação, lança o alerta: "Os partidos da oposição chamam a atenção dos seus militantes e do povo são-tomense, amantes da paz, a estarem atentos e prontos para o chamamento para defesa da nossa causa maior".

Já o Presidente da República, Evaristo Carvalho, na sua mensagem à nação por ocasião das eleições, recordou que "povo põe, povo tira". Antes de partir para a Guiné Equatorial, onde participa nos festejos de mais um aniversário da independência daquele país, disse que vai agir de acordo com a Constituição, afirmando "já ter em conta as diligências" que desencadeará "logo após a constituição da nova Assembleia Nacional, no que respeita à recondução ou formação do novo Governo".

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