São Tomé: Eleições "com afluência inédita", diz CEN
7 de outubro de 2018De acordo com a Comissão Eleitoral Nacional (CEN), a votação, que começou "com um ligeiro atraso", "está a decorrer com normalidade". Durante a tarde deste domingo (07.10), Ambrósio Quaresma, porta-voz da CEN, deu conta que o ato eleitoral está a registar uma afluência inédita. O responsável estima uma participação entre 60 e 70%.
"Nunca houve em São Tomé e Príncipe tanta afluência dos eleitores nas primeiras horas, e que continua neste momento", quando faltam menos de duas horas para o encerramento das urnas, disse.
Até ao momento, há a registar uma barricada na roça Rosema, em Lembá, no nordoeste do país.Segundo Ambrósio Quaremas, a votação nesta mesa de voto, com cerca de 160 eleitores, será adiada para a próxima semana. A população local reivindica "água, estrada e energia". Em Guadalupe, distrito de Lobata, a polícia teve necessidade de intervir, disparando tiros para o ar, "porque houve uma enchente de pessoas e os ânimos começaram a exaltar-se", acrescentou também Ambrósio Quaresma.
Também o Presidente da República de São Tomé e Príncipe, Evaristo Carvalho, afirmou, depois de votar na escola básica D. Maria de Jesus, no centro da capital são-tomense, ao início da manhã, que as eleições para as legislativas e autárquicas e regional da ilha do Príncipe estão "a correr muito bem".
Trovoada espera "reconhecimento”
Nas eleições deste domingo (07.10), Patrice Trovoada pede a renovação do mandato como primeiro-ministro. Esta manhã, na escola básica de Guadalupe, distrito de Lobata, a 12 quilómetros da capital são-tomense, onde foi votar, o líder da Ação Democrática Independente (ADI) disse esperar que os eleitores "reconheçam o bom trabalho" da sua governação. "Eu acho que fizemos um bom trabalho, na campanha eleitoral, mas sobretudo em quatro de governação, e eu espero que os são-tomenses reconheçam isso", afirmou.
Patrice Trovoada apresentou-se nesta assembleia de voto rodeado de seguranças. À porta, vários populares vaiaram o candidato e gritaram "Rua! Rua!". Por seu lado, os apoiantes do atual Governo da ADI pediram "mais quatro anos".
Falando na qualidade de chefe do Governo, Trovoada comentou referiu que, até agora, o processo eleitoral "tem-se desenrolado normalmente, como habitualmente".
Eleições "livres e justas”, pede Bom Jesus
Também Jorge Bom Jesus, a principal ameaça à continuidade de Patrice Trovoada, votou cedo. O líder do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP-PSD) disse esperar que as eleições sejam "livres, transparentes e credíveis" e afirmou-se "altamente confiante nos resultados". "Nós sentimos, pressentimos que esta população, amordaçada há quatro anos, está cansada e quer virar de página o mais rapidamente possível", afirmou o líder da oposição que votou na escola 1.º de Junho, nos arredores da capital são-tomense. Jorge Bom Jesus disse ainda acreditar que "a partir do dia oito veremos o país numa outra perspetiva, e aí teremos desde logo de começar a arregaçar as mangas, com todos, sem exceção nenhuma".
Questionado sobre a possibilidade de não vencer as eleições legislativas deste domingo, Bom Jesus respondeu: "Eu sou um democrata nato. Por isso, o que eu quero é que as eleições decorram como habitualmente, para que nós possamos validar estes resultados". "Em São Tomé e Príncipe, não há tradição de grandes contestações, até porque os observadores internacionais estão cá, os jornalistas, nós pedimos vigilância máxima redobrada face a alguns atropelos do passado. Toda a gente está mais do que avisada neste sentido", acrescentou.
Coligação "acordada”
Caso não consiga uma maioria absoluta nas legislativas, o MLSTP já tem um acordo assinado para constituir Governo com a coligação formada pelo Partido da Convergência Democrática (PCD), a União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD), e o Movimento Democrático Força da Mudança (MDFM), encabeçada por Arlindo Carvalho. Este domingo (07.10) Jorge Bom Jesus confirmou aos jornalistas que existe "um acordo de princípio". "Ao longo destes quatro anos, o país bipolarizou-se. A oposição criou afinidades. É natural que, em função dos resultados", se coloque esse cenário, disse.
Este foi o primeiro mandato executivo cumprido na totalidade, desde a introdução do multipartidarismo, há 26 anos, algo que o primeiro-ministro cessante justificou, em declarações à Lusa, com a "coesão social" e pelo "bom relacionamento institucional" com o Presidente da República, Evaristo Carvalho, também da ADI.
Mais de 97 mil eleitores de São Tomé e Príncipe escolhem, este domingo (07.10), o futuro primeiro-ministro do país. Os são-tomenses vão eleger os 55 lugares da Assembleia Nacional, as lideranças das seis câmaras distritais da ilha principal e o novo governo regional da ilha do Príncipe.
As mesas de voto em todo o país abriram às 07:00 e encerram às 18:00.